São Paulo, domingo, 04 de agosto de 2002

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RETRATOS DO BRASIL

Bairros com casas unipessoais concentram grande oferta de produtos para moradores que vivem sós

Lojas se adaptam a consumidor "single"

DA REPORTAGEM LOCAL

Bairros com casas unipessoais concentram grande oferta de serviços e produtos para pessoas que vivem sós. "Há uma tendência de pessoas vivendo sozinhas e de famílias menores", diz Paulo Lima, diretor regional da rede de supermercados Pão de Açúcar, que tem 60 lojas em São Paulo.
De acordo com ele, a rede constatou as necessidades desse púbico e montou uma estratégia para atendê-lo. "Percebemos a demanda e focamos nesse mercado, criando produtos especiais para "singles", principalmente alimentos frescos", conta Lima.
Os alimentos perecíveis, como saladas e frutas, ganharam versões prontas para o consumo e embaladas em pequenas porções. "Em alguns lugares, consigo comprar potes pequenos de salada de frutas e pacotes de folhas variadas já lavadas", afirma o crítico gastronômico e colaborador da Folha Josimar Melo, 48. Ele vive sozinho na Vila Nova Conceição, um subdistrito de Moema.
Melo ressalta ainda que, ao comprar uma grande quantidade, a pessoa pode enjoar do alimento. "Não dá para comer só melão ou abacaxi todo dia", diz.
"A opção pelo produto individualizado acaba compensando também em razão do desperdício, como ter de comprar um maço inteiro de alface", afirma a economista Cristina Pereira, 35, moradora do Jardim Paulista.
O momento das refeições pode virar um problema para os que vivem sós. "Acho que é mais gostoso cozinhar e comer acompanhado. Quando estou sozinho, faço coisas simples, grelhados com salada, por exemplo", afirma Josimar Melo.
Segundo Mariza Gonçalves Pereira, proprietária de uma rotisseria na alameda dos Anapurus, em Moema, 25% da sua clientela é formada por pessoas que vivem sozinhas. "Tem gente que vem aqui e compra uma colher de purê e uma coxa de frango", conta Mariza. "Tudo o que é individual vende muito bem."
Para o publicitário Danilo Castro, hoje é mais fácil encontrar porções pequenas dos produtos, algo que antes não era possível.

Roupa
As lavanderias procuram conquistar o mercado "single". Há 30 anos, Maria Fumiko tem uma lavanderia na rua Jauaperi, em Moema. "Minha clientela que mora sozinha aumentou, algumas pessoas deixam toda a roupa para lavar", conta ela.
Roberto Barreto, dono de uma franquia de lavanderia no Jardim Paulista, diz que, em razão do grande número de solitários, planeja criar pacotes promocionais para essa clientela. (TN)


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