São Paulo, domingo, 04 de agosto de 2002

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TRÁFICO

Estado já é um dos principais alvos da rota internacional de cocaína

Repressão nos EUA traz droga a SP

DO AGORA

São Paulo está deixando de ser uma rota de distribuição de cocaína para outros países e se transformando em um dos principais consumidores da droga.
A mudança de perfil deve-se aos narcotraficantes internacionais estarem encontrando obstáculos em manter e expandir seus negócios nos Estados Unidos- maior consumidor mundial da coca- e Europa Ocidental.
A dificuldade está alicerçada no aumento da repressão policial e na maior receptividade desses países às drogas sintéticas, que podem ser produzidas diretamente nos locais onde serão consumidas e têm custo de produção menor do que o da cocaína.
A queda do valor da cocaína no mercado internacional também é apontada como um dos fatores que propiciaram a alteração de comportamento dos criminosos. O quilo da coca, que já foi cotado em U$ 7.000 (cerca de R$ 21 mil), agora gira em torno de U$ 4.000 (cerca de R$ 12 mil).
Para não continuarem perdendo dinheiro e poder, os líderes das organizações de narcotráfico dos três principais produtores da pasta de coca- Colômbia, Bolívia e Peru- decidiram expandir seus negócios para países com grande população e com economia forte para sustentar o maior comércio de todo o mundo.
Pesquisa feita pela ONU (Organizações das Nações Unidas) revela que o tráfico internacional de drogas movimenta US$ 400 bilhões (cerca de R$ 1,2 trilhão) por ano e dá uma margem de lucro de até 10.000%. Nenhuma outra atividade lícita ou ilícita gera tal retorno em tão pouco tempo.
A droga está deixando de ser usada pela elite mundial e passando a ser apreciada com grande intensidade pela população dos países considerados periféricos, como os da América do Sul.
"Com a queda da oferta e da procura em lugares como os Estados Unidos, Inglaterra e Holanda, os narcotraficantes estão à procura de mercados diferentes. E, com certeza, os países pobres são os alvos escolhidos pelas quadrilhas, principalmente o Brasil", disse o ex-secretário nacional antidrogas Wálter Fanganiello Maierovitch.
Para Maierovitch, a política de repressão adotada pelo governo norte-americano é a principal responsável pelo aumento da oferta nos países pobres.
"O governo americano esqueceu de que ainda existem 2,5 milhões de camponeses se dedicando exclusivamente ao cultivo da folha de coca. E toda essa produção precisa de um destino", disse.
(EDUARDO ATHAYDE)


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