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SAÚDE
34% das adolescentes com até três anos de escolaridade são mães
Estudo relaciona falta de
escolaridade com gravidez
GILBERTO DIMENSTEIN
do Conselho Editorial
O melhor método anticoncepcional para as adolescentes é a escola: quanto maior a escolaridade, menor a fecundidade e maior
a proteção contra doenças sexualmente transmissíveis.
Com apoio do Unicef e do Ministério da Saúde, uma pesquisa,
realizada pela Bemfam (Sociedade Civil Bem-Estar do Brasil), ouviu 4.528 mulheres de 15 a 24
anos, de várias regiões do país,
constatando a relação direta entre
escolaridade e gravidez.
Cerca de 34% das mulheres entre 15 e 19 anos, com até três anos
de escolaridade, já são mães ou
estão grávidas do primeiro filho.
Com quatro anos de estudo, a
fecundidade baixa para 25%; de
cinco a oito anos, para 18%.
Quando a adolescente estuda
entre nove e 11 anos, a fecundidade vai para 6% - a diferença entre quem tem de até três anos a 11
anos de escolaridade decai de
34% para 6%. À medida em que a
jovem estuda, ela passa a ter mais
perspectivas de vida, apostando
numa profissão. Tende, portanto,
a retardar a gravidez.
A informação é especialmente
relevante, considerando-se que,
segundo o Ministério da Saúde,
cerca de 1 milhão de adolescentes
engravidam por ano no país.
Tão importante como as campanhas educativas e mesmo a distribuição gratuita de anticoncepcionais, manter a jovem estudando é a receita para reduzir a gravidez e as doenças sexualmente
transmissíveis.
De acordo com a pesquisa, a
baixa escolaridade, um dos sinais
também de reduzido poder aquisitivo, significa desinformação sobre formas de evitar a gravidez e
falta de capacidade de argumentar diante do parceiro.
O projeto familiar das mulheres
ricas e pobres é ter, em média,
dois filhos - mas, por acesso à
informação e métodos contraceptivos, as mais ricas e educadas
conseguem uma família menor.
Intitulado "Adolescente, Jovens
e a Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde", o estudo informa que cerca de 11% das mulheres com até três anos de escolaridade usaram, antes de se casar,
algum método anticoncepcional.
Para quem tem nove ou mais
anos de escolaridade, essa percentagem sobe para 57%.
A própria educação fornece
treinamento de diálogo da adolescente com os pais, capaz de servir
como orientação. A pesquisa revela ser menor a gravidez entre jovens que conversam com os pais
sobre saúde reprodutiva.
Quanto maior o nível de instrução dos jovens, maior a prevalência de uso total de anticoncepção,
conclui o estudo.
As mulheres com menor escolaridade começam a vida sexual
mais cedo. Até três anos de escolaridade, é de 47% aquelas que
iniciam a vida sexual antes do casamento; baixa para 38,3% para
aquelas com mais de nove anos de
estudo.
Para as mulheres de mais baixa
renda, impera, em vez da pílula
ou camisinha, a esterilização. A
esterilização em massa é uma das
causas da redução do crescimento
populacional no Brasil.
Os métodos anticoncepcionais
seguem escala inversa à da fecundidade: 37% dos jovens, homens e
mulheres, com mais de nove anos
de escolaridade usam camisinha.
A pesquisa detecta que, apesar
de todas as campanhas educativas, as mensagens sobre os perigos de doenças ainda não chegaram para a maioria dos adolescentes. Apenas 33%, tanto de homens como mulheres, usaram algum método antes da primeira
relação.
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