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Comissão do Senado altera repasse do SUS
Decisão, que ainda não é definitiva, deverá diminuir verbas de Estados como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro
Novo critério levará em conta renda per capita da população em cada região, favorecendo os Estados mais carentes do país
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma decisão da CAE (Comissão de Assuntos Econômicos
do Senado) ameaça dividir o
país: a mudança do critério de
distribuição dos recursos do
SUS (Sistema Único de Saúde).
Hoje, o dinheiro do SUS é repassado segundo o número de
habitantes. Os Estados mais
populosos - em geral no Sul e
Sudeste- recebem mais.
Anteontem, porém, os senadores aprovaram um dispositivo segundo o qual 25% das verbas destinadas aos Estados deverão ser distribuídas de acordo com o modelo adotado pelo
FPE (Fundo de Participação
dos Estados): inversamente
proporcional à renda per capita
de seus habitantes -um mecanismo de distribuição de receita. Quanto mais pobre o Estado, maior o valor repassado.
Mantida a emenda - apresentada pela senadora Patrícia
Saboya (PDT-CE)-, os grandes
Estados, como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, deverão perder receita. Serão beneficiados os Estados do Norte,
Nordeste e Centro-Oeste.
Barbaridade
Informado da decisão, o governador do Rio, Sérgio Cabral
Filho (PMDB), disse que o critério "não tem o menor cabimento", "uma barbaridade".
"Duvido que o Senado aprove ".
O secretário de Planejamento do Estado de São Paulo,
Francisco Vidal Luna, chamou
a decisão de "esdrúxula". "Os
Estados grandes têm uma demanda de saúde que não se
compara aos Estados menores.
A Saúde não se distribui dessa
forma", afirmou ele.
O governo de São Paulo, porém, não quis informar à Folha
o impacto da decisão da comissão do Senado sobre os cofres
do Estado.
O presidente da CAE, senador Aloizio Mercadante (PT-SP), disse que trabalhará para
reverter a decisão da comissão.
Aprovado anteontem pela
CAE, o texto será ainda submetido à Comissão de Assuntos
Sociais e ao plenário antes de
ser remetido à Câmara.
Apesar de a votação de terça-feira não ser conclusiva, os Estados do Nordeste, Centro-Oeste e Nordeste reúnem o maior número de senadores, o
que deverá dificultar a derrubada da emenda na Casa.
"Não concordamos com o
critério aprovado. Há uma divergência e ainda acho possível
reverter. Mas o assunto requer
cuidado. Senão, em vez de 25%
dos recursos, serão 50% [distribuídos conforme o FPE]", afirma Mercadante, explicando
que, como presidente da CAE,
não participou da votação.
Para evitar perdas maiores,
Mercadante sugere a adoção do
desenho defendido pelo senador Tião Viana (PT-AC).
Pela proposta do Tião, 25%
dos recursos são repassados
conforme um conjunto de critérios, entre eles, perfil epidemiológico e demográfico de cada Estado, além da estrutura da
rede de saúde.
No Orçamento de São Paulo
para o ano que vem, a estimativa de receita repassada pelo
Ministério da Saúde é de
R$ 2,5 bilhões.
Ainda de acordo com Mercadante, o governo paulista não
procurou os senadores do Estado antes da votação. No plenário, Mercadante fez questão
de registrar que a despesa per
capita de São Paulo com saúde
é inferior à do Acre.
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