São Paulo, sábado, 04 de novembro de 2006

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Reajuste do Metrô opõe equipes de Serra e Lembo

DA REPORTAGEM LOCAL

A equipe de transição do governador eleito de São Paulo, José Serra (PSDB), trava uma batalha com o Estado por conta do novo reajuste do preço do bilhete do Metrô paulistano, que, segundo estudos preliminares da Secretaria dos Transportes Metropolitanos, pode subir dos atuais R$ R$ 2,10 para até R$ 2,60.
Os aliados do tucano trabalham para conseguir um reajuste suficiente para manter a tarifa sem novos aumentos por pelo menos dois anos, evitando, assim, um desgaste do novo governador. Em 2005, ao assumir a Prefeitura de São Paulo, Serra teve de reajustar o preço do bilhete dos ônibus, o que lhe rendeu uma das piores avaliações, segundo o Datafolha, após cem dias de gestão.
Mas os planos dos tucanos esbarram em Cláudio Lembo (PFL). O governador não estaria disposto a arcar com o desgaste de um reajuste muito alto no final de seu mandato. O pefelista se reuniu às 10h de ontem com o secretário dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes e, pouco disposto a assumir a paternidade do que chamou de "extorsão", pediu que ele voltasse na semana que vem com outros estudos sobre a tarifa.
Fernandes apresentou três planilhas com reajustes das passagens: R$ 2,40, R$ 2,50 e R$ 2,60. Segundo Lembo, o aumento de R$ 0,30 está acima de suas pretensões. "Acho alto. Tem que ter uma sensibilidade social. O momento não é para extorquir. É cobrar o preço justo", disse o governador.

Custos
Conforme a Folha apurou, um valor de R$ 2,30 já seria suficiente para cobrir o custo do sistema, mas precisaria ser reajustado novamente até o final do ano que vem. A equipe de transição do governador eleito e o Palácio dos Bandeirantes esperam chegar a uma decisão na próxima semana.
"Quero estar convencido de que o povo não é objeto de qualquer ato de exagero tecnocrático", afirmou Lembo.
O futuro secretário da Fazenda, Mauro Ricardo Costa, conversou com Lembo sobre o assunto, mas o governador disse não ter tratado do tema diretamente com Serra em almoço que os dois tiveram anteontem.
"Não tratamos disso, não. Foi um almoço de amigos. Falamos de cinema, de teatro, belezas do Brasil", descreveu Lembo, enfatizando: "Ele não me falou isso [que era preciso aplicar reajuste maior desde já] e eu vou fazer o que é bom para o povo".
Questionado sobre sua "generosidade" para com Serra na transição, Lembo respondeu: "Ele vai assumir daqui a 50 dias. Vou criar problemas? Para quê? Ele confia no meu bom senso". Segundo o governador, também está sob análise no governo do Estado o reajuste de passagens de longo percurso na região metropolitana. (JOSÉ ALBERTO BOMBIG e CATIA SEABRA)

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