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Pit bull mata costureira na Grande SP; dono é detido
Mulher tentou acariciar animal antes do ataque
DO "AGORA"
A costureira Jane Aquino do
Carmo, 35, morreu anteontem
à noite após ser atacada por um
cachorro da raça pit bull. O animal, chamado de Bebê pelo dono, era conhecido na vizinhança e atacou a vítima em frente à
sua casa, em Itaquaquecetuba
(Grande SP).
De acordo com testemunhas,
o dono do cão, o servente Márcio Marques Pinheiro, 28, pediu que Jane segurasse a coleira para que ele ajudasse um homem bêbado que havia caído
na rua. Pinheiro teria dito à vítima que o bicho era "manso".
A costureira se agachou para fazer carinhos, quando o pit bull
voou em seu pescoço.
O filho único de Jane, Bruno,
13, estava na rua e presenciou o
ataque. Junto com os vizinhos,
o menino tentou bater no cão
para que ele soltasse sua mãe.
Pauladas, facadas, pedradas e
até barras de ferro foram utilizadas para fazer com que o pit
bull largasse a costureira, que
foi arrastada pela rua.
O cão só teria soltado a vítima depois de levar três tiros de
um rapaz que passava pela rua
em uma moto. Ninguém quis
dizer quem foi o responsável
pelos disparos.
Segundo testemunhas, enquanto o cão era linchado pela
população, o dono pedia que o
animal de estimação não fosse
morto. Com medo de ser preso,
Pinheiro fugiu.
"Será uma cena difícil de apagar da memória", disse o vizinho da vítima, Luiz Cláudio Alves Pereira, 37. Alguns moradores disseram que o dono colocou apenas coleira no cachorro
e que, às vezes, o pit bull andava
solto pela rua, nunca com focinheira. "É um perigo um bicho
desse solto", disse uma amiga
de Jane.
Socorro
A vítima chegou a ser levada
ao Hospital Santa Marcelina,
mas morreu no local. A irmã da
costureira, Eloá Aquino Feiteiro, 43, disse que a maior tristeza é ver o sobrinho. "Ela criava
sozinha o filho. O pai dele nunca quis saber do garoto. Eram
só os dois", lamentou Eloá. Segundo a família da vítima, o menino estava em "estado de choque". Jane foi enterrada ontem.
Cerca de duas horas após o
ataque, o dono do cão foi localizado pela polícia em um bar tomando cerveja. Em seu depoimento à polícia, o servente disse que fugiu porque já tinha
passagem por roubo e temia ser
preso.
Pinheiro foi detido e responderá por homicídio culposo
(sem intenção). No início da
noite de ontem, ele pagou fiança no valor de R$ 1.000 e, de
acordo com a polícia, responderá ao processo em liberdade.
A ex-mulher de Pinheiro, Valeska Valéria da Silva Batista,
29, disse que o cachorro sempre foi manso e que só brigava
com outros cachorros. "Jamais
machucou ninguém. Meus filhos brincavam com ele", disse
Valeska, que mora no mesmo
quintal do ex.
Ela disse que não consegue
entender o motivo do ataque e
lembra que o cão, quando era
filhote, foi doado ao ex-marido
depois de ter sido ferido com
óleo quente pelo antigo dono.
Lei
Apesar de existir uma lei estadual que obriga, desde 2004,
os cães das raças pit bull, rottweiler e mastim napolitano a
usarem focinheira, a determinação raramente é cumprida
nas ruas. A Secretaria Estadual
de Saúde informou que cabe às
prefeituras fazer a fiscalização.
A multa para quem descumprir a lei é de R$ 124,90. Não há
levantamento de quantas autuações já foram feitas. Além da
focinheira, os cães devem usar
coleira, enforcador e guia de
condução com, no máximo,
dois metros de comprimento
em locais públicos.
(GIOVANNA BALOGH)
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