São Paulo, sábado, 04 de novembro de 2006

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Pit bull mata costureira na Grande SP; dono é detido

Mulher tentou acariciar animal antes do ataque

DO "AGORA"

A costureira Jane Aquino do Carmo, 35, morreu anteontem à noite após ser atacada por um cachorro da raça pit bull. O animal, chamado de Bebê pelo dono, era conhecido na vizinhança e atacou a vítima em frente à sua casa, em Itaquaquecetuba (Grande SP).
De acordo com testemunhas, o dono do cão, o servente Márcio Marques Pinheiro, 28, pediu que Jane segurasse a coleira para que ele ajudasse um homem bêbado que havia caído na rua. Pinheiro teria dito à vítima que o bicho era "manso". A costureira se agachou para fazer carinhos, quando o pit bull voou em seu pescoço.
O filho único de Jane, Bruno, 13, estava na rua e presenciou o ataque. Junto com os vizinhos, o menino tentou bater no cão para que ele soltasse sua mãe. Pauladas, facadas, pedradas e até barras de ferro foram utilizadas para fazer com que o pit bull largasse a costureira, que foi arrastada pela rua.
O cão só teria soltado a vítima depois de levar três tiros de um rapaz que passava pela rua em uma moto. Ninguém quis dizer quem foi o responsável pelos disparos.
Segundo testemunhas, enquanto o cão era linchado pela população, o dono pedia que o animal de estimação não fosse morto. Com medo de ser preso, Pinheiro fugiu.
"Será uma cena difícil de apagar da memória", disse o vizinho da vítima, Luiz Cláudio Alves Pereira, 37. Alguns moradores disseram que o dono colocou apenas coleira no cachorro e que, às vezes, o pit bull andava solto pela rua, nunca com focinheira. "É um perigo um bicho desse solto", disse uma amiga de Jane.

Socorro
A vítima chegou a ser levada ao Hospital Santa Marcelina, mas morreu no local. A irmã da costureira, Eloá Aquino Feiteiro, 43, disse que a maior tristeza é ver o sobrinho. "Ela criava sozinha o filho. O pai dele nunca quis saber do garoto. Eram só os dois", lamentou Eloá. Segundo a família da vítima, o menino estava em "estado de choque". Jane foi enterrada ontem.
Cerca de duas horas após o ataque, o dono do cão foi localizado pela polícia em um bar tomando cerveja. Em seu depoimento à polícia, o servente disse que fugiu porque já tinha passagem por roubo e temia ser preso.
Pinheiro foi detido e responderá por homicídio culposo (sem intenção). No início da noite de ontem, ele pagou fiança no valor de R$ 1.000 e, de acordo com a polícia, responderá ao processo em liberdade.
A ex-mulher de Pinheiro, Valeska Valéria da Silva Batista, 29, disse que o cachorro sempre foi manso e que só brigava com outros cachorros. "Jamais machucou ninguém. Meus filhos brincavam com ele", disse Valeska, que mora no mesmo quintal do ex.
Ela disse que não consegue entender o motivo do ataque e lembra que o cão, quando era filhote, foi doado ao ex-marido depois de ter sido ferido com óleo quente pelo antigo dono.

Lei
Apesar de existir uma lei estadual que obriga, desde 2004, os cães das raças pit bull, rottweiler e mastim napolitano a usarem focinheira, a determinação raramente é cumprida nas ruas. A Secretaria Estadual de Saúde informou que cabe às prefeituras fazer a fiscalização.
A multa para quem descumprir a lei é de R$ 124,90. Não há levantamento de quantas autuações já foram feitas. Além da focinheira, os cães devem usar coleira, enforcador e guia de condução com, no máximo, dois metros de comprimento em locais públicos.
(GIOVANNA BALOGH)


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