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No Norte e no Nordeste, legislação é só "educativa"
Para coordenador do ministério da Agricultura, seria "irreal" cobrar produtores
No Sul, no Sudeste e no Centro-Oeste, a legislação vale desde 2005; padrão ainda não é exigido de produtores do resto do país
DA AGÊNCIA FOLHA
A instrução normativa nº 51
do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento, que
estabelece os padrões de qualidade que devem ser seguidos
na produção do leite no país,
ainda não é obrigatória nas regiões Norte e Nordeste, onde é
cumprida apenas de "maneira
educativa".
Segundo o ministério, primeiro é preciso mostrar aos
produtores daquelas regiões
como deverá ser feita a produção de leite, dando a eles tempo
para se adaptar às mudanças
previstas.
Marcius Ribeiro de Freitas,
coordenador-geral de Inspeção
Federal do Dipoa (Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal), disse
que seria "irreal" cobrar dos
produtores do Nordeste e do
Norte conformidade com a lei.
"Hoje, não há suporte energético adequado para equipamentos, não há estradas nem pontos de coleta para escoamento
da produção", afirma. Na opinião do coordenador, o período
educativo deve durar ao menos
mais um ano.
Para os produtores de leite
das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, onde a produção leiteira se concentra, a norma
passou a vigorar em julho de
2005. Desde então, eles tiveram dois anos para se preparar.
A lei, criada em 2002, é considerada uma maneira de homogeneizar a qualidade do produto e aproximá-lo de um padrão
aceito internacionalmente.
Seu maior avanço é em relação à conservação do leite. A
norma estabelece que, ao sair
da vaca, o leite seja armazenado
em tanque a cerca de 4C, evitando assim a proliferação de
bactérias.
Ao mesmo tempo, determina
que indústrias de laticínios e
cooperativas façam repetidos
testes com amostras -outra
maneira de detectar e controlar
possíveis contaminações no
produto.
Concorrência ajuda
Mas o professor de zootecnia
da USP Marcos Veiga dos Santos diz que, mesmo sem a lei,
muitas vezes o mercado já exige do produtor, por conta da
concorrência, as condições estabelecidas pela resolução. "Há
uma auto-regulação", afirmou.
Para ele, a melhor maneira
de obrigar o cumprimento da
norma é penalizar financeiramente o produtor que não seguir suas determinações e incentivar quem estiver de acordo com a resolução.
Segundo Freitas, quem descumprir a norma pode ser multado ou mesmo chegar a ter
propriedade e equipamentos
interditados.
Ainda assim, ele concorda
que é necessário dar tempo aos
produtores e ao mercado para
adaptação. "Não se pode esperar que essa lei tenha efeito em
pouco tempo", disse Santos. "O
ciclo da pecuária é lento, de três
a cinco anos, que é o tempo para nascer e crescer uma vaca capaz de gerar leite", afirmou.
(RB e JCM)
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