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EDUCAÇÃO
Secretário tucano e ministro petista consideram "vergonhoso" o quadro educacional na cidade e no Estado de São Paulo
PT e PSDB duelam por criança fora da escola
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
As crianças brasileiras em idade
pré-escolar (de 4 a 7 anos) e em
idade para cursar o ensino fundamental (de 7 a 14 anos) e que se
encontram foram da escola viraram motivo de troca de farpas entre tucanos e petistas por meio de
manipulação de estatísticas.
Esses dois segmentos dos que
estão fora dos bancos escolares
formam um contigente de 5,65
milhões de pessoas.
Pela manhã, o secretário da
Educação do governo do PSDB
em São Paulo, Gabriel Chalita,
considerou "vergonhoso" o desempenho da administração petista na cidade de São Paulo no
que se refere à educação infantil.
O tucano se referia aos dados do
IBGE divulgados anteontem, segundo os quais quase um terço
dos paulistanos de 4 a 7 anos não
frequentam unidades pré-escolares (leia texto abaixo). Chalita é
apontado como pré-candidato do
PSDB à sucessão de Marta Suplicy
(PT) na Prefeitura de São Paulo.
As informações do IBGE referem-se a 2000, quando o PT ainda não
governava a capital paulista.
Mais tarde, em Brasília, ao divulgar o Mapa da Exclusão Educacional, o ministro da Educação,
o petista Cristovam Buarque, disse: "Não é possível que São Paulo
seja o primeiro Estado em crianças fora da escola. É uma vergonha quando comparado a outros
países ricos. Estados e cidades ricas precisam sair na frente".
Para essa afirmação, o ministro
considerou que das 1,495 milhão
de crianças de 7 a 14 anos que estão fora da escola no Brasil,
168.730 (11,28%) são paulistas.
Se tivesse usado outra base de
cálculo, o total de pessoas dessa
faixa etária no Estado, Cristovam
chegaria a outra conclusão: a taxa
cai para 3,21%, uma das menores
do país (veja quadro abaixo).
Chalita rebateu a crítica. Disse
que São Paulo tem 99,8% de matrículas no ensino fundamental.
"Em vez de criticar o Estado, o
ministro deveria colocar mais
verba federal no ensino fundamental." Segundo o tucano, dois
projetos aprovados no Congresso
-relacionados a transporte escolar e salário-educação- podem
retirar ainda mais recursos do ensino. "Se a educação está com
problema, pode piorar."
Ribeirão Branco
Das 645 cidades de São Paulo,
Estado responsável por 33,67%
do PIB (Produto Interno Bruto)
do país, apenas 27 não têm crianças fora da escola. Por outro lado,
Ribeirão Branco (a 288 km de São
Paulo) é a campeã em crianças
nessa situação: 13,65%. No Brasil,
apenas 123 municípios (2,21%)
têm todas as crianças na escola.
O Mapa da Exclusão Educacional foi preparado pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) com base
em dados de 2000 do IBGE.
Assim como outros índices de
ensino, o mapa também aponta
uma grande desigualdade regional. Das cinco regiões brasileiras,
o Nordeste é campeão em crianças que não estão estudando
-41,11% em comparação à população brasileira de 7 a 14 anos.
Se o índice for feito em relação à
população de cada região, o primeiro lugar fica com o Norte, onde 11,16% das crianças não estão
em salas de aula, seguido do Nordeste, com 7,14%.
Conforme a Folha divulgou ontem, para tentar reverter o quadro, o Ministério da Educação iniciou com as prefeituras o programa Escola de Todos. Visa cadastrar todos os que não estão matriculados ou abandonaram as aulas
e incentivá-los a voltar. Para isso,
as famílias podem ser incluídas
no Bolsa-Família (e receber uma
renda mensal) ou participar de
programas especiais.
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