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São Paulo, quinta-feira, 04 de dezembro de 2003

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EDUCAÇÃO

Secretário tucano e ministro petista consideram "vergonhoso" o quadro educacional na cidade e no Estado de São Paulo

PT e PSDB duelam por criança fora da escola

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

DA REPORTAGEM LOCAL

As crianças brasileiras em idade pré-escolar (de 4 a 7 anos) e em idade para cursar o ensino fundamental (de 7 a 14 anos) e que se encontram foram da escola viraram motivo de troca de farpas entre tucanos e petistas por meio de manipulação de estatísticas.
Esses dois segmentos dos que estão fora dos bancos escolares formam um contigente de 5,65 milhões de pessoas.
Pela manhã, o secretário da Educação do governo do PSDB em São Paulo, Gabriel Chalita, considerou "vergonhoso" o desempenho da administração petista na cidade de São Paulo no que se refere à educação infantil.
O tucano se referia aos dados do IBGE divulgados anteontem, segundo os quais quase um terço dos paulistanos de 4 a 7 anos não frequentam unidades pré-escolares (leia texto abaixo). Chalita é apontado como pré-candidato do PSDB à sucessão de Marta Suplicy (PT) na Prefeitura de São Paulo. As informações do IBGE referem-se a 2000, quando o PT ainda não governava a capital paulista.
Mais tarde, em Brasília, ao divulgar o Mapa da Exclusão Educacional, o ministro da Educação, o petista Cristovam Buarque, disse: "Não é possível que São Paulo seja o primeiro Estado em crianças fora da escola. É uma vergonha quando comparado a outros países ricos. Estados e cidades ricas precisam sair na frente".
Para essa afirmação, o ministro considerou que das 1,495 milhão de crianças de 7 a 14 anos que estão fora da escola no Brasil, 168.730 (11,28%) são paulistas.
Se tivesse usado outra base de cálculo, o total de pessoas dessa faixa etária no Estado, Cristovam chegaria a outra conclusão: a taxa cai para 3,21%, uma das menores do país (veja quadro abaixo).
Chalita rebateu a crítica. Disse que São Paulo tem 99,8% de matrículas no ensino fundamental. "Em vez de criticar o Estado, o ministro deveria colocar mais verba federal no ensino fundamental." Segundo o tucano, dois projetos aprovados no Congresso -relacionados a transporte escolar e salário-educação- podem retirar ainda mais recursos do ensino. "Se a educação está com problema, pode piorar."

Ribeirão Branco
Das 645 cidades de São Paulo, Estado responsável por 33,67% do PIB (Produto Interno Bruto) do país, apenas 27 não têm crianças fora da escola. Por outro lado, Ribeirão Branco (a 288 km de São Paulo) é a campeã em crianças nessa situação: 13,65%. No Brasil, apenas 123 municípios (2,21%) têm todas as crianças na escola.
O Mapa da Exclusão Educacional foi preparado pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) com base em dados de 2000 do IBGE.
Assim como outros índices de ensino, o mapa também aponta uma grande desigualdade regional. Das cinco regiões brasileiras, o Nordeste é campeão em crianças que não estão estudando -41,11% em comparação à população brasileira de 7 a 14 anos.
Se o índice for feito em relação à população de cada região, o primeiro lugar fica com o Norte, onde 11,16% das crianças não estão em salas de aula, seguido do Nordeste, com 7,14%.
Conforme a Folha divulgou ontem, para tentar reverter o quadro, o Ministério da Educação iniciou com as prefeituras o programa Escola de Todos. Visa cadastrar todos os que não estão matriculados ou abandonaram as aulas e incentivá-los a voltar. Para isso, as famílias podem ser incluídas no Bolsa-Família (e receber uma renda mensal) ou participar de programas especiais.


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