Após 18 horas de tensão, casal teve de arrumar bagunça feita por ladrões, que queriam incendiar sua casa

Luciano Amarante/Folha Imagem

A casa do casal, na zona leste, que foi revirada pelos bandidos

THARSILA PRATES
DO "AGORA"

O casal que foi mantido refém, anteontem, na zona leste da capital, passou a manhã de ontem arrumando a casa, bagunçada pelos bandidos. "Quebraram a casa inteira, reviraram tudo em busca de dinheiro e armas", contou a advogada Priscila Cocchi, 32, a última a ser libertada, quase 18 horas após o início da ação.
Segundo ela, o trio -dois homens e uma mulher, que foram presos- montou barricadas para evitar uma possível invasão da polícia. Sofás, fogão, estantes e cadeiras foram arrastados para bloquear as portas. A televisão da sala e o celular de Edson Cocchi, 40, marido de Priscila, foram quebrados.
Na cozinha, havia restos de comida. "A minha mulher teve de fazer café para eles, cozinhou batata, salsicha", diz Edson, dono de uma academia de artes marciais. Ele contou que teve a chance de fugir da casa, após a rendição da irmã de um dos assaltantes. "Em certo momento, um ladrão ficou na porta do quarto onde eu e minha mulher estávamos, de costas para mim, e o outro estava no corredor. Podia ter empurrado o cara, fechado a porta e fugido pela janela, mas desisti porque não poderia trancar a porta."
Edson diz que só ficou nervoso quando saiu da casa, às 15h30, e Priscila continuou lá -só saiu às 17h45.
Segundo Edson, os assaltantes pretendiam roubar outra casa, mas não conseguiram e resolveram render o casal, que chegava da festa de aniversário da mãe de Priscila.
Na reta final da negociação com a Polícia Militar, um dos ladrões ameaçou incendiar um dos quartos da casa. "Ele jogou vodca no chão e fez um teste com o fósforo para ver se pegava fogo. Como pegou [fogo], ele começou a gritar, dizendo que, se não fizessem o que ele queria, colocaria fogo na casa", lembrou Priscila.
Apesar do susto, eles não querem mudar de casa.


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