São Paulo, quinta-feira, 05 de janeiro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Rampa antimendigo causa polêmica na área social

AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL

A gestão José Serra (PSDB), que lançou os dois principais programas da área social apenas no final do ano passado, ficou marcada em 2005 por medidas polêmicas, como a construção de rampas antimendigo na avenida Paulista.
Críticos consideram que a rampa simboliza uma política preocupada em apenas evitar que moradores de rua se alojem em áreas nobres da cidade sem estimular a inclusão social.
Para a prefeitura e os defensores da medida, a área era utilizada por delinqüentes para assaltar motoristas e pedestres.
Se causou polêmica com a rampa, a gestão recebeu elogios de especialistas por conta dos programas São Paulo Protege (de combate ao trabalho infantil) e Ação Família (de atendimento a famílias em situação de alta vulnerabilidade), anunciados em outubro e novembro, respectivamente.
O primeiro tirou do trabalho informal nas ruas 171 crianças e adolescentes. E o segundo, pretende beneficiar em 2006 um total de 130 mil famílias.
A socióloga Camila Giorgetti, porém, critica Serra por não ter elaborado "logo de cara" uma política social para a população de rua. Já o presidente da Associação Rede Rua, Alderon Pereira da Costa, diz que é preciso buscar alternativas para os moradores de rua que não se resumam a albergues. "O perfil dessa população mudou bastante nos últimos anos. Muitos têm família em São Paulo, mas estão desempregados. Falta investimento em frentes de trabalho e geração de renda."
Em 2005, foram criados cinco centros de referência, para receber 20 crianças e adolescentes cada um, e 435 adultos foram integrados a frentes de trabalho.
O número de vagas em albergues passou de 6.600 para 7.700 -mas continua abaixo do necessário: a população de rua aumentou de 10,4 mil para 12 mil, segundo a própria prefeitura.
Para o secretário municipal da Assistência e Desenvolvimento Social, Floriano Pesaro, mais importante do que abrir novas vagas é requalificar os albergues já existentes. Ele diz que hoje a metade dos abrigos tem capacidade muito maior do que a ideal, de cem a 120 vagas. "Queremos locais menores e mais humanizados."
Para a irmã Ivete de Jesus, coordenadora da ONG Casa Cor da Rua, a gestão encontrou uma situação social grave e reagiu com ações imediatistas. Para ela, essas intervenções deveriam ser menos agressivas. "Para tirar as pessoas dos baixos de viadutos o ideal seria mobilizar técnicos, voluntários, ONGs e até universidades."


Texto Anterior: Subprefeituras investiram em recapeamento
Próximo Texto: Saúde: Homem tem 1º teste caseiro de fertilidade
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.