São Paulo, quinta-feira, 05 de janeiro de 2006

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SAÚDE

Para urologistas brasileiros, exame desenvolvido por cientistas britânicos não avalia outros fatores que influenciam na infertilidade

Homem tem 1º teste caseiro de fertilidade

CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

Cientistas britânicos anunciaram ontem o desenvolvimento do primeiro teste caseiro de fertilidade masculino do mundo. O teste já está aprovado pela agência européia de medicamentos e será vendido nas farmácias, sem a necessidade de receita médica
Segundo os pesquisadores, ele poderá informar em menos de uma hora se um homem é ou não capaz de ter filhos.
Urologistas brasileiros receberam a notícia com desconfiança. Para eles, o teste é inespecífico porque não avalia a qualidade dos espermatozóides e outros fatores envolvidos na infertilidade.
Para fazer o teste, desenvolvido pela Universidade de Birmingham (Reino Unido), o homem precisa coletar uma amostra de seu esperma.
O material é, então, colocado em um aparelho que imita o ambiente do colo do útero da mulher. Se um número satisfatório de espermatozóides conseguir atravessar essa barreira, o teste mostra uma linha vermelha, que significa um resultado positivo.
De acordo com Jorge Hallak, urologista do Hospital das Clínicas de São Paulo, o fato de o espermatozóide ultrapassar a barreira não é suficiente para que o homem seja considerado fértil. "Não basta avaliar a mobilidade. É preciso verificar a morfologia e outros parâmetros de qualidade do sêmen, coisa que esse teste não faz. Isso não é teste de fertilidade nem aqui, nem na Inglaterra, nem na China", afirma Hallak.
Para o urologista Paulo Neves, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), qualquer que seja o resultado do teste, ele vai dizer nada sobre a fertilidade do casal. "É uma bobagem. A avaliação isolada do sêmen não é e nunca foi um teste de fertilidade."
Já o urologista Rodrigo Pagani diz que a vantagem do teste é ele prometer medir a concentração de espermatozóides móveis, que é o que realmente importa, e não só a quantidade de espermatozóides presentes no sêmen ejaculado.
Na opinião de Chris Barratt, responsável pela pesquisa na Universidade de Birmingham, o teste vai evitar que muitos casais esperem até um ano -tempo recomendado pelos especialistas em fertilidade- para iniciar a investigação da infertilidade. "Ter uma informação confiável num estágio inicial pode ser uma grande vantagem", afirma.
Barratt afirma que, durante o desenvolvimento do teste, foram analisadas mais de 3.000 amostras de sêmen. O teste foi usado em 150 delas e teria sido eficaz em 95% dos casos.
Para Allan Pacey, secretário da Sociedade Britânica de Fertilidade, o fato de o homem fazer o teste em casa pode ajudá-lo a superar o embaraço inicial de ir até um hospital para fazer a coleta do material. No Reino Unido, estima-se que mais de 2 milhões de homens tenham baixa fertilidade.


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