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SAÚDE
Para urologistas brasileiros, exame desenvolvido por cientistas britânicos não avalia outros fatores que influenciam na infertilidade
Homem tem 1º teste caseiro de fertilidade
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Cientistas britânicos anunciaram ontem o desenvolvimento do
primeiro teste caseiro de fertilidade masculino do mundo. O teste
já está aprovado pela agência européia de medicamentos e será
vendido nas farmácias, sem a necessidade de receita médica
Segundo os pesquisadores, ele
poderá informar em menos de
uma hora se um homem é ou não
capaz de ter filhos.
Urologistas brasileiros receberam a notícia com desconfiança.
Para eles, o teste é inespecífico
porque não avalia a qualidade dos
espermatozóides e outros fatores
envolvidos na infertilidade.
Para fazer o teste, desenvolvido
pela Universidade de Birmingham (Reino Unido), o homem
precisa coletar uma amostra de
seu esperma.
O material é, então, colocado
em um aparelho que imita o ambiente do colo do útero da mulher. Se um número satisfatório
de espermatozóides conseguir
atravessar essa barreira, o teste
mostra uma linha vermelha, que
significa um resultado positivo.
De acordo com Jorge Hallak,
urologista do Hospital das Clínicas de São Paulo, o fato de o espermatozóide ultrapassar a barreira
não é suficiente para que o homem seja considerado fértil. "Não
basta avaliar a mobilidade. É preciso verificar a morfologia e outros parâmetros de qualidade do
sêmen, coisa que esse teste não
faz. Isso não é teste de fertilidade
nem aqui, nem na Inglaterra, nem
na China", afirma Hallak.
Para o urologista Paulo Neves,
da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), qualquer que
seja o resultado do teste, ele vai dizer nada sobre a fertilidade do casal. "É uma bobagem. A avaliação
isolada do sêmen não é e nunca
foi um teste de fertilidade."
Já o urologista Rodrigo Pagani
diz que a vantagem do teste é ele
prometer medir a concentração
de espermatozóides móveis, que é
o que realmente importa, e não só
a quantidade de espermatozóides
presentes no sêmen ejaculado.
Na opinião de Chris Barratt, responsável pela pesquisa na Universidade de Birmingham, o teste vai
evitar que muitos casais esperem
até um ano -tempo recomendado pelos especialistas em fertilidade- para iniciar a investigação
da infertilidade. "Ter uma informação confiável num estágio inicial pode ser uma grande vantagem", afirma.
Barratt afirma que, durante o
desenvolvimento do teste, foram
analisadas mais de 3.000 amostras
de sêmen. O teste foi usado em
150 delas e teria sido eficaz em
95% dos casos.
Para Allan Pacey, secretário da
Sociedade Britânica de Fertilidade, o fato de o homem fazer o teste
em casa pode ajudá-lo a superar o
embaraço inicial de ir até um hospital para fazer a coleta do material. No Reino Unido, estima-se
que mais de 2 milhões de homens
tenham baixa fertilidade.
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