São Paulo, sábado, 05 de janeiro de 2008

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Jovem vê tráfico como emprego, afirma presidente da ex-Febem

DA REPORTAGEM LOCAL

Para a presidente da Fundação Casa (ex-Febem), Berenice Gianella, muitos jovens internados consideram o tráfico de drogas como um "emprego".
"Nós temos jovens internados aqui que já foram gerentes de boca-de-fumo. Com esses jovens é muito difícil você trabalhar valores morais", disse.

 

FOLHA - Como a sra. analisa o aumento de internações por tráfico?
BERENICE GIANELLA -
Na ex-Febem, a maioria era internada por homicídio. Depois cresceram os números por roubo. Porque se comprava um "três-oitão", como eles falam, por qualquer R$ 50. Neste momento, o tráfico exerce a influência de estar presente na sociedade.

FOLHA - Especialistas também explicam isso pelo aumento do rigor da Justiça.
BERENICE -
Em tese, o jovem não deveria ficar internado por tráfico [na primeira detenção]. O juiz pode estar sendo mais rigoroso. Mas a gente não tem números para comprovar.

FOLHA - É mais complexo trabalhar com um jovem nessa situação?
BERENICE -
Eles sempre acham que o crime é menor, que não é grave porque não envolveu morte ou arma. O jovem acaba vendo o tráfico como um emprego mesmo.

FOLHA - A recuperação dele é mais complexa?
BERENICE -
Tudo vai depender do perfil dele. Evidente que para um jovem que está aqui pela terceira vez, que já está no tráfico, a recuperação é praticamente impossível. Porque ele vive disso, já é reconhecido por isso. Nós temos jovens internados aqui que já foram gerentes de boca-de-fumo. Com esses jovens é muito difícil você trabalhar valores morais.


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