São Paulo, #!L#Sábado, 05 de Fevereiro de 2000


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Familiares acusam prefeitura e perueiros

da Reportagem Local

Revoltados. Assim estavam ontem os familiares de passageiros mortos e feridos no acidente. Com vozes trêmulas e olhos marejados, eles chegam à delegacia e aos hospitais acusando a prefeitura e os perueiros clandestinos.
"A responsabilidade é do prefeito, que não impõe uma política séria de transporte", disse Roberto Ribeiro Martins, 39, irmão de Aparecido Ribeiro Martins, que morreu com a mulher no acidente deixando cinco órfãos.
"Isso não pode ser esquecido na próxima eleição. Porque elas (as peruas) são irregulares, mas têm de ser combatidas sem violência."
Foi Martins quem reconheceu o corpo do irmão e da cunhada. "Perdi meu irmão", repetia, inconformado. "Eles têm de aprender que não é só pôr a mão na propina, têm que governar também. A gente merece respeito."
A revolta era a mesma da consultora de imóveis Rose de Castro, 34, que ouviu pela televisão que a irmã havia morrido. Foi à delegacia e não conseguiu confirmar a morte. Passou a peregrinar pelos hospitais e achou Sueli de Castro, 41, em estado grave.
Sueli havia deixado o carro em casa. Estava internada no Jabaquara como desconhecida e foi identificada pela aliança. Teve fraturas múltiplas e passou por cinco horas de cirurgia.
"É um absurdo. As pessoas estão indo trabalhar e correm risco de vida", disse ela. "É culpa da prefeitura, que é displicente, e do perueiro, que é irresponsável. Eu já vi perueiro dizendo que tem de fugir porque a multa é de R$ 4.000. Para não pagar R$ 4.000 ele pode sair matando?"
A divulgação errada da morte de Sueli fez a mãe dela, Nida de Castro, 65, passar mal. Cardíaca, ela teve de ser medicada.
Não foi o único caso. No começo da manhã, a polícia divulgou a morte de funcionária pública Ana Maria Vieira. Na verdade, Ana estava internada, consciente.
O irmão dela, o estudante de direito Luis Carlos Vieira chegou ao Servidor Público revoltado. "É um absurdo o que aconteceu. Vou processar a prefeitura porque, com perseguição ou não, foi ela que fez o motorista correr."


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