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SAÚDE
Ministro pede à Receita Federal redução ou isenção de tributos para tentar abaixar preço de remédios
Serra pede fim de imposto para genérico
PRISCILA LAMBERT
da Reportagem Local
O ministro da Saúde, José Serra,
afirmou ontem que pediu ao secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, um estudo sobre a
viabilidade da redução ou isenção
de impostos sobre os medicamentos genéricos.
O pedido foi feito anteontem.
"Vamos ver como é que podemos
diminuir o imposto sobre o genérico para baratear ainda mais esses medicamentos", disse Serra.
A assessoria de imprensa da Receita Federal informou ontem
que o Fisco vai analisar o pedido
do Ministério da Saúde assim que
forem enviados dados técnicos,
como a diferença entre os medicamentos genéricos e os comuns.
Até agora, apenas seis genéricos
foram registrados pelo Ministério
da Saúde. Seus preços são entre
24% e 55% mais baratos que os
remédios de marca.
O Ministério da Saúde prevê
que a chegada desses medicamentos provoque uma queda de
cerca de 40% nos preços dos remédios em geral.
Segundo Serra, sua conversa
com Maciel foi uma "proposta de
análise", já que, além dos impostos federais, há impostos estaduais que incidem sobre o preço
dos medicamentos. "Será algo
tecnicamente complexo, que envolve negociação com os Estados", afirma.
O ministro já havia sentido essa
"complexidade" quando se envolveu em uma polêmica sobre
remédios com o ministro da Fazenda, Pedro Malan.
Desde o mês passado, eles vinham divergindo sobre o percentual de reajuste dos preços dos
medicamentos e sobre medidas
para conter reajustes abusivos.
Serra afirmou que Malan não
estava fazendo tudo o que estava
ao seu alcance para reduzir os
preços dos remédios -como oferecer isenção de impostos.
Malan respondeu que Serra teria de apressar a aprovação dos
genéricos, que forçariam a queda
dos preços.
Atualmente, o Ministério da Fazenda já concorda que o mercado
de medicamentos deverá ter um
tratamento diferente de outros
produtos.
"Malandro"
Serra disse ontem que o presidente da Abrafarma (Associação
Brasileira das Redes de Farmácias
e Drogarias), Aparecido Camargo, "conhece bem a malandragem porque ele é dessa turma".
A frase foi uma resposta do ministro às afirmações de Camargo
na CPI dos Medicamentos, quando denunciou a venda de medicamentos "porcaria" e "bons para
otários" por farmácias independentes (que não fazem parte das
redes). Segundo ele, alguns farmacêuticos seriam incentivados
por laboratórios a vender remédios "porcaria" com base na política da "empurroterapia" (acordo
entre laboratórios e balconistas
ou farmacêuticos para empurrar
medicamentos à clientela).
De acordo com Serra, a Vigilância Sanitária está intensificando a
fiscalização de medicamentos.
"Mas nem um exército do tamanho do soviético poderia disciplinar 50 mil farmácias no Brasil",
disse.
"É até bom que esse comportamento malandro de laboratórios
e farmácias seja conhecido para
que a população ajude a reprimir", disse.
Segundo o ministro, uma das
funções dos genéricos é "limpar o
mercado de similares vagabundos". Serra explicou depois que o
adjetivo "vagabundo" era uma
força de expressão para dizer que
são remédios que não têm o mesmo efeito terapêutico do seu respectivo original.
Camargo lamentou o comentário do ministro. "É uma pena ele
dizer isso de mim. Sou uma pessoa ética." Camargo diz que alertou deputados da CPI sobre a
existência de medicamentos sem
eficácia porque quer que o consumidor adquira produtos de qualidade. "Há empresas boas e ruins.
A Agência Nacional de Vigilância
Sanitária está fazendo seu papel.
Os medicamentos "bons para otários" já diminuíram no mercado
em 99, em relação a 98. Eu quero
somar forças com o ministério."
Colaborou a Sucursal de Brasília
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