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VIOLÊNCIA
Foi a segunda matança em uma semana; em São Paulo, a 12ª chacina do ano deixou quatro mortos
Guerra do tráfico deixa 6 mortos no Rio
FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Sucursal do Rio
FERNANDA PONTES
free-lance para a Folha
Seis mortos, quatro feridos e
três horas de terror. Foi esse o saldo da guerra entre traficantes na
favela Nova Holanda (zona norte
do Rio), anteontem à noite.
É a segunda chacina resultante
da guerra de facções rivais do tráfico em uma semana no Rio. Na
sexta-feira passada, outras seis
pessoas foram assassinadas no
morro do Cerro-Corá, em Laranjeiras (zona sul).
A guerra do tráfico também fez
mais vítimas em São Paulo. Na
madrugada de ontem, quatro homens foram mortos e três ficaram
feridos na 12ª chacina registrada
neste ano na Grande São Paulo
(leia texto nesta pág.).
As vítimas estavam em um bar
no Jardim Miriam (zona sul da
capital paulista). Com esse caso, o
número de mortos em chacina
neste ano chega a 44.
O pânico na favela carioca começou por volta de 20h de anteontem, quando cerca de 30 homens vindos das favelas do Timbau, Baixa do Sapateiro e Vila do
Pinheiro entraram na Nova Holanda em dois caminhões. A Nova
Holanda integra o complexo de
favelas da Maré.
Usando roupas pretas e fardas
camufladas semelhantes às do
Exército, os invasores, armados
com fuzis e pistolas, fecharam o
trânsito e cortaram a luz.
Vinham em busca dos chefes do
tráfico, ligados à facção criminosa
Comando Vermelho. Os invasores integram o Terceiro Comando
e querem dominar os pontos de
venda da droga.
O grupo armado da Nova Holanda ensaiou uma reação, mas
não conseguiu deter o ataque.
Ruas cheias
As ruas estavam cheias de pessoas que voltavam para suas casas. Muitas tiveram de pedir para
não morrer. Um rapaz que reclamou da invasão foi baleado. "Foi
um bangue-bangue, um terror",
resumiu uma moradora.
Quem pôde se trancou em casa.
Outros moradores ficaram do outro lado da avenida Brasil, sem coragem de atravessar a passarela de
pedestres e entrar na favela.
Os invasores obrigaram os moradores a empilhar os corpos, espalhados em várias ruas, numa
esquina da favela.
Cerca de 20 policiais militares
chegaram ao local e, no escuro,
tentaram controlar a situação. Os
invasores fugiram e se esconderam em casas da própria favela.
Tráfico
Segundo a polícia, todos os
mortos e feridos são ligados ao
tráfico. Só dois mortos, porém,
Marco Antônio dos Santos, o Pé-de-Porco, 33, e Fábio Soares da
Silva, o Fabinho, 17, têm antecedentes criminais registrados na
21ª DP (Delegacia Policial), em
Bonsucesso.
Também morreram: Luís Carlos Araújo da Silva, 27, José Augusto Teixeira, 19, Alexandre
Magno da Silva, 22, e Antônio Pádua da Silva, 46.
Segundo as informações dos
moradores, Costa era garçom desempregado, Teixeira, vendedor
de hambúrgueres, Silva, vendedor da Ceasa, e Pádua, segurança.
Com medo, muitas famílias não
apareceram para dar informações
sobre os parentes mortos.
Quatro feridos foram levados
para o Hospital Geral de Bonsucesso. Um, baleado entre os olhos,
perdeu a vista direita e corria o
risco de perder a esquerda. Os outros três feridos foram baleados
de raspão e liberados ontem de
manhã.
A PM ocupou a Nova Holanda
com 50 homens. O clima de tensão, porém, permanecia. O comércio fechou as portas, e os moradores temem novas invasões.
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