São Paulo, #!L#Sábado, 05 de Fevereiro de 2000


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VIOLÊNCIA
Foi a segunda matança em uma semana; em São Paulo, a 12ª chacina do ano deixou quatro mortos
Guerra do tráfico deixa 6 mortos no Rio

FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Sucursal do Rio

FERNANDA PONTES
free-lance para a Folha

Seis mortos, quatro feridos e três horas de terror. Foi esse o saldo da guerra entre traficantes na favela Nova Holanda (zona norte do Rio), anteontem à noite.
É a segunda chacina resultante da guerra de facções rivais do tráfico em uma semana no Rio. Na sexta-feira passada, outras seis pessoas foram assassinadas no morro do Cerro-Corá, em Laranjeiras (zona sul).
A guerra do tráfico também fez mais vítimas em São Paulo. Na madrugada de ontem, quatro homens foram mortos e três ficaram feridos na 12ª chacina registrada neste ano na Grande São Paulo (leia texto nesta pág.).
As vítimas estavam em um bar no Jardim Miriam (zona sul da capital paulista). Com esse caso, o número de mortos em chacina neste ano chega a 44.
O pânico na favela carioca começou por volta de 20h de anteontem, quando cerca de 30 homens vindos das favelas do Timbau, Baixa do Sapateiro e Vila do Pinheiro entraram na Nova Holanda em dois caminhões. A Nova Holanda integra o complexo de favelas da Maré.
Usando roupas pretas e fardas camufladas semelhantes às do Exército, os invasores, armados com fuzis e pistolas, fecharam o trânsito e cortaram a luz.
Vinham em busca dos chefes do tráfico, ligados à facção criminosa Comando Vermelho. Os invasores integram o Terceiro Comando e querem dominar os pontos de venda da droga.
O grupo armado da Nova Holanda ensaiou uma reação, mas não conseguiu deter o ataque.

Ruas cheias
As ruas estavam cheias de pessoas que voltavam para suas casas. Muitas tiveram de pedir para não morrer. Um rapaz que reclamou da invasão foi baleado. "Foi um bangue-bangue, um terror", resumiu uma moradora.
Quem pôde se trancou em casa. Outros moradores ficaram do outro lado da avenida Brasil, sem coragem de atravessar a passarela de pedestres e entrar na favela.
Os invasores obrigaram os moradores a empilhar os corpos, espalhados em várias ruas, numa esquina da favela.
Cerca de 20 policiais militares chegaram ao local e, no escuro, tentaram controlar a situação. Os invasores fugiram e se esconderam em casas da própria favela.

Tráfico
Segundo a polícia, todos os mortos e feridos são ligados ao tráfico. Só dois mortos, porém, Marco Antônio dos Santos, o Pé-de-Porco, 33, e Fábio Soares da Silva, o Fabinho, 17, têm antecedentes criminais registrados na 21ª DP (Delegacia Policial), em Bonsucesso.
Também morreram: Luís Carlos Araújo da Silva, 27, José Augusto Teixeira, 19, Alexandre Magno da Silva, 22, e Antônio Pádua da Silva, 46.
Segundo as informações dos moradores, Costa era garçom desempregado, Teixeira, vendedor de hambúrgueres, Silva, vendedor da Ceasa, e Pádua, segurança. Com medo, muitas famílias não apareceram para dar informações sobre os parentes mortos.
Quatro feridos foram levados para o Hospital Geral de Bonsucesso. Um, baleado entre os olhos, perdeu a vista direita e corria o risco de perder a esquerda. Os outros três feridos foram baleados de raspão e liberados ontem de manhã.
A PM ocupou a Nova Holanda com 50 homens. O clima de tensão, porém, permanecia. O comércio fechou as portas, e os moradores temem novas invasões.



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