São Paulo, quinta-feira, 05 de fevereiro de 2009

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Ministério Público apura relato sobre propina a servidores

DA REPORTAGEM LOCAL

O advogado J., que trabalhou como representante de procedimentos licitatórios de uma empresa ligada à SP Alimentação, declarou em seu depoimento ao Ministério Público Estadual ter recebido informações de que "no município de São Paulo a propina é paga aos agentes públicos envolvidos mediante depósitos bancários ou pessoalmente".
O relato é investigado pela Promotoria, mas não foram citados nomes nem há provas nesse sentido por enquanto.
O foco dos promotores para a eventual responsabilização de representantes da prefeitura é a falta de providências tomadas após a assinatura dos contratos em maio de 2007 mesmo após as denúncias feitas pelo próprio órgão fiscalizador da merenda na prestação do serviço.
Na gravação anexada ao processo da Promotoria -mas que não servirá de prova devido à falta de amparo legal-, é citada a participação de um homem numa reunião com os empresários e que afirma elaborar as planilhas de preço de todos os concorrentes do pregão.
Uma suspeita de promotores é de que possa ser algum servidor público, mas não há nenhuma confirmação e sua identidade não foi descoberta.
Em seu depoimento oficial à Promotoria, J. disse que "existe entre as empresas uma certa ética e elas costumam respeitar os locais onde conseguem vender". "Assim, se uma empresa tem relacionamento com um prefeito de determinada cidade, ela já comunica às demais para que não tentem vender no referido local ou pedem para que elas participem para dar cobertura ao esquema", disse.
O advogado citou uma prefeitura no Estado de São Paulo que teria recebido mesada de R$ 50 mil. O depoimento dele foi colhido em agosto de 2008.

Expansão
A terceirização da merenda foi iniciada na capital paulista na gestão Marta Suplicy (PT) e acabou ampliada em 2007 na de Gilberto Kassab (DEM), quando atingiu 849 unidades (59% da rede municipal).
Por esse modelo, as empresas ficam responsáveis não só pela compra dos produtos mas pelo preparo nas escolas e pela distribuição aos alunos.
As empresas que atuam em São Paulo são ou já foram alvo de outras investigações em outros pontos do país por órgãos como a Controladoria-Geral da União e o Tribunal de Contas. Foram constatados superfaturamento, baixa qualidade do alimento e uso irregular de servidores públicos. As empresas negam as acusações.


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