Em reunião ontem, representantes da comunidade disseram ao comando da PM que policiais são truculentos na abordagem

Comandante-geral disse que estuda instalar uma companhia da PM dentro da favela; ontem, operação contou com 340 policiais

DA REPORTAGEM LOCAL
DO AGORA

Representantes dos moradores da favela de Paraisópolis se reuniram ontem com a Polícia Militar, criticaram a atuação dos soldados na favela e pediram menos violência durante a Operação Saturação -implementada ontem após o confronto entre policiais e grupos de moradores na segunda. "Eu mesmo fui abordado de forma impaciente. O policial disse: "Aqui quem manda é a polícia'", disse o padre Luciano Borges Basilio, da paróquia São José, ao tenente-coronel Almir Ribeiro, do Comando de Policiamento de Choque.
O oficial afirmou que a operação não tem intuito de amedrontar e que os incidentes relatados podem ser casos isolados. Disse ainda que não haverá revistas a casas sem mandado. Gilson Rodrigues, da associação de moradores, pediu que os jovens da favela não sejam abordados de forma agressiva. O coronel Roberto Diniz, comandante-geral da PM, disse que estuda a possibilidade de instalar uma companhia na favela. Ontem, 340 policiais, 20 cavalos e quatro cães patrulharam o local. Um homem foi preso por tráfico e dois adolescentes detidos por roubo. Foram apreendidos 1,7 kg de maconha, 75 porções de cocaína, 75 de ecstasy e nove caça-níqueis.
A Ouvidoria da polícia diz ter identificado os PMs acusados de abuso por moradores. São um sargento de 30 anos, o "Zóio Roxo", e um soldado de 46, o "Raio". A ouvidoria ainda tenta identificar um terceiro PM, conhecido como "Nêgo Zica". "Abrimos inquérito, que vamos encaminhar para a Corregedoria", disse o ouvidor Antonio Funari Filho.