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TÚNEL DO TEMPO
Com Getúlio, desfile deixou de ser elitista
Políticos usaram festa
para buscar prestígio
ALESSANDRO SILVA
da Reportagem Local
Se no começo do século o Carnaval era o evento das elites, a partir da década de 30 virou a festa
das massas populares, financiada
inclusive por quem antes cuidava
da repressão.
Historiadores apontam o então
presidente-ditador Getúlio Vargas como responsável pela mudança de atitude.
"Ele percebeu que a mobilização popular era uma forma de legitimar seu governo", diz Maria
Inez Borges Pinto, professora de
história do Brasil da USP (Universidade de São Paulo).
O exemplo foi imitado por outros políticos, atraídos pelo número de pessoas que a festa reunia. Desse modo, surgiram as linhas de crédito para o Carnaval,
principalmente no Rio de Janeiro,
sede do governo na época.
Antes, eram comerciantes e empresários que organizavam bailes
e os corsos -desfiles de carros
enfeitados-, tradição que desaparece na década de 50.
No Rio, em 1935, a prefeitura liberou os desfiles de rua e deu impulso ao atual modelo de Carnaval - feito em avenidas com
grandes arquibancadas, matrizes
dos atuais sambódromos, tornando a festa um espetáculo de multidões. Dois anos mais tarde, surgia
no Rio a primeira escola de samba, a Lavapés.
Em São Paulo, o desfile de rua
seria oficializado apenas na década de 60 pelo prefeito Faria Lima,
apesar de a cidade já ter escolas
fortes, como a Camisa Verde, a
Nenê de Vila Matilde e a Vai-Vai.
""Aos poucos, o Carnaval foi se
transformando em um espetáculo de grandes proporções, impossível de acontecer espontaneamente como no início", afirma
Hiram Araújo, diretor cultural da
Liga das Escolas de Samba do Rio
de Janeiro e autor do livro ""Carnaval: Três Milênios de História".
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