São Paulo, domingo, 05 de março de 2000


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TÚNEL DO TEMPO

Com Getúlio, desfile deixou de ser elitista

Políticos usaram festa para buscar prestígio

ALESSANDRO SILVA
da Reportagem Local

Se no começo do século o Carnaval era o evento das elites, a partir da década de 30 virou a festa das massas populares, financiada inclusive por quem antes cuidava da repressão.
Historiadores apontam o então presidente-ditador Getúlio Vargas como responsável pela mudança de atitude.
"Ele percebeu que a mobilização popular era uma forma de legitimar seu governo", diz Maria Inez Borges Pinto, professora de história do Brasil da USP (Universidade de São Paulo).
O exemplo foi imitado por outros políticos, atraídos pelo número de pessoas que a festa reunia. Desse modo, surgiram as linhas de crédito para o Carnaval, principalmente no Rio de Janeiro, sede do governo na época.
Antes, eram comerciantes e empresários que organizavam bailes e os corsos -desfiles de carros enfeitados-, tradição que desaparece na década de 50.
No Rio, em 1935, a prefeitura liberou os desfiles de rua e deu impulso ao atual modelo de Carnaval - feito em avenidas com grandes arquibancadas, matrizes dos atuais sambódromos, tornando a festa um espetáculo de multidões. Dois anos mais tarde, surgia no Rio a primeira escola de samba, a Lavapés.
Em São Paulo, o desfile de rua seria oficializado apenas na década de 60 pelo prefeito Faria Lima, apesar de a cidade já ter escolas fortes, como a Camisa Verde, a Nenê de Vila Matilde e a Vai-Vai.
""Aos poucos, o Carnaval foi se transformando em um espetáculo de grandes proporções, impossível de acontecer espontaneamente como no início", afirma Hiram Araújo, diretor cultural da Liga das Escolas de Samba do Rio de Janeiro e autor do livro ""Carnaval: Três Milênios de História".


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