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DE VOLTA ÀS LUZES
Peças de Edemar Cid Ferreira começam a ser expostas neste mês; há fotografias, mapas e livros raros
Museu do Ipiranga exibe acervo do dono do Banco Santos
AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL
O Museu Paulista, localizado no
Ipiranga (zona sul de São Paulo),
começa a expor neste mês obras
do acervo do banqueiro Edemar
Cid Ferreira, do Banco Santos. O
museu tem a guarda provisória de
quase 7.000 peças da coleção, que
continha cerca de 9.000 obras.
Parte desse material integrará
uma exposição sobre o cultivo do
café, prevista para o fim do mês.
Em seguida, entre abril e maio, o
museu deve abrir uma exposição
voltada para o acervo do banco. A
idéia é, a partir daí, revezar as peças expostas, já que o local não
conta com espaço suficiente para
mostrar todas de uma vez.
São cartas de d. Pedro 2º, mapas
feitos a bico-de-pena, instrumentos de navegação, medalhas, gravuras e livros raros, como um cujas páginas, de madeira, são escritas a mão em alfabeto batak, do
sudeste asiático, e outro, do Nepal, que tem o formato de uma
sanfona e capas em metal.
Um dos pontos mais fortes do
material entregue ao museu, porém, é o acervo fotográfico, com
quase 4.000 imagens, que traz
personalidades como Virgulino
Ferreira da Silva, o Lampião
(morto em 1938), a atriz Sarah
Bernhardt (1844-1923) e o cientista Louis Pasteur (1822-1895) -esta foto foi tirada por volta de 1870
com uma técnica rara, que usa
pigmentos de carvão sobre papel.
A coleção também conta com
exemplares das primeiras imagens fotográficas, feitas com o daguerreótipo -aparelho inventado em 1939 por Louis-Jacques
Mandé Daguerre (1789-1851).
"Temos investido na aquisição
de documentos assim de modo a
ter uma coleção sistemática do
processo fotográfico e de temas
com os quais o museu já trabalha.
O acervo, que tinha lacunas, agora
conta com peças de todas as técnicas e processos da história da fotografia", diz Solange Ferraz de
Lima, diretora da divisão de acervo e curadoria do museu.
Transferência
Parte do acervo, porém, nem
deve ser exposta no Museu Paulista. São 230 peças arqueológicas,
como um sarcófago, que devem
ser levadas para o MAE (Museu
de Arqueologia e Etnologia), que,
assim como o Museu Paulista e o
MAC, também pertence à USP.
O MAE já havia recebido parte
da coleção de Edemar. No fim de
2005, a Justiça distribuiu o acervo
entre sete entidades.
O Museu de Arte Sacra de São
Paulo e o MAC (Museu de Arte
Contemporânea), por exemplo,
também receberam peças do
acervo e colocaram em exposição
algumas obras da partilha.
No Museu Paulista, as peças
ainda não haviam sido expostas
devido ao processo de catalogação, trabalho que consumiu cerca
de quatro meses. "Recebemos
mais material do que os outros
museus. Muitas peças, especialmente na parte textual, não estavam numeradas, e o catálogo que
recebemos era muito resumido",
declarou Miyoko Makino, diretora técnica da divisão de difusão
cultural do Paulista.
Algumas das peças mais valiosas, porém, foram retiradas do
país pelo banqueiro, como a escultura "Woman", do artista britânico Henry Moore (1898-1986).
Edemar é acusado de gestão
fraudulenta, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. O banqueiro nega as acusações. Em 20
de setembro de 2005, o Banco
Santos faliu, deixando um rombo
de R$ 2,2 bilhões.
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