São Paulo, domingo, 05 de março de 2006

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Versão brasileira

Tradutores falam sobre a experiência de viver à sombra dos grandes escritores

DÉBORA YURI
DA REVISTA DA FOLHA

Eles vivem à sombra de nomes como Gabriel García Márquez e J.K. Rowling. São parte ativa, mas dificilmente lembradas, dos fenômenos literários de vendas -a não ser quando o trabalho merece reparos. Fazem a ponte entre o universo de um autor e a realidade do leitor.
Às vésperas da 19ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que vai expor mais de 200 mil títulos a partir da próxima quinta, a reportagem decidiu conferir como vivem os tradutores de alguns dos livros mais vendidos do país, gente que, embora escore obras de sucesso, não vai aparecer em estandes ou reportagens da temporada literária.
Não há uma regra para definir quando um livro é considerado best-seller, segundo a Câmara Brasileira do Livro. Mas, em país pouco afeito à leitura, uma obra que consegue vender 20 mil exemplares já pode integrar esse seleto rol -tomando por base a tiragem média de um livro normal, que é de 2.000 a 3.000 cópias.
As obras enfocadas aqui ultrapassaram com folga esses números: "Harry Potter", a série de seis livros publicada em 200 países, já vendeu incríveis 2,5 milhões de exemplares no Brasil e "Memória de Minhas Putas Tristes", o último romance do colombiano Gabriel García Márquez, 193 mil exemplares.
Mesmo com o mercado literário bem mais ativo, a tradução dificilmente é a primeira carreira de um brasileiro com nível superior. Paga-se pouco à maioria dos tradutores, o que pode explicar a situação. Um profissional da área editorial ganha, em média, de R$ 13 a R$ 20 por lauda traduzida. As exceções, como Eric Nepomuceno, que recebe por obra traduzida de García Márquez. Mas o panorama melhorou nos últimos anos; agora já dá para viver de tradução, dizem os profissionais. "A globalização aumentou as oportunidades de trabalho. Portanto, encorajaria os jovens que se interessam por tradução a expandir seus conhecimentos sobre culturas estrangeiras e também a brasileira", diz Lia Wyler, por trás da série "Harry Potter".


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