|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Só 21% das escolas estaduais estão adaptadas
Dos colégios municipais da capital, 36% estão aptos a receber alunos portadores de deficiência ou com mobilidade reduzida
Alunos buscam integração em escolas comuns, mas encontram dificuldades como escadas e falta de banheiros adaptados
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
A presença de escadas, de
desníveis entre os ambientes e
a falta de rampas, elevadores e
banheiros adaptados ainda
prejudica muitos alunos da capital paulista. Do total de escolas estaduais na cidade de São
Paulo, apenas 21% estão completamente adaptadas para receber estudantes com necessidades especiais. No caso das escolas municipais, a situação é
um pouco melhor: 36% delas
estão adequadas.
Tanto o município quanto o
Estado descumprem o decreto
federal 5.296, de 2004, que determina que os estabelecimentos de ensino proporcionem
condições de acesso e utilização de todos os seus ambientes
para pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. As edificações de uso
público tinham 30 meses para
garantir a acessibilidade -o
prazo venceu em 2007.
De acordo com a Secretaria
de Estado da Educação, até
2010 metade das escolas da rede será acessível.
O promotor Júlio Cesar Botelho, do Grupo de Proteção à
Pessoa Portadora de Deficiência, afirma que tem sido procurado por muitas famílias, que
reclamam principalmente da
falta de acessibilidade, mas
também de falta de vagas e de
professores capacitados.
"Esse quadro é muito melhor
do que foi há dez anos. Tem sido feita a capacitação, mas ainda num nível muito aquém do
desejado", diz.
De acordo com ele, as escolas
especiais têm reduzido suas vagas com o objetivo de que haja
integração de alunos com necessidades especiais nas escolas comuns, como prevê a LDB
(Lei de Diretrizes e Bases).
Com isso, muitos deficientes
têm ido para os colégios regulares e encontrado problemas.
"A maioria pode sim freqüentar as escolas comuns. E é
importante para os estudantes
conviver com o diferente", afirma.
O promotor se encontrou anteontem com representantes
da Secretaria de Estado da Educação e já marcou novas reuniões. O objetivo é assinar um
TAC (Termo de Ajustamento
de Conduta) para que a pasta se
comprometa a cumprir a meta
prometida. A Promotoria solicitará, ainda, que a pasta realize
um censo dos deficientes na rede -para saber quantos são,
onde estão e que tipo de deficiência têm.
A falta de estrutura e de pessoal capacitado, além de prejudicar alunos, também incomoda professores. A Apeoesp (sindicato dos professores estaduais) e o Sinpeem (sindicato
dos professores municipais)
afirmam receber relatos de
profissionais que se sentem sobrecarregados por ter uma sala
com grande número de alunos
e ainda estudantes com necessidades especiais, que demandam maior atenção e cuidados
-como idas ao banheiro.
Um dos relatos trata da escola estadual Rodrigues Alves, na
av. Paulista. Profissionais afirmam que falta pessoal para levar as crianças deficientes ao
banheiro e alimentá-las.
Segundo Cláudio Fonseca,
presidente do Sinpeem, escolas
com elevador nem sempre são
acessíveis. "Em algumas escolas é comum o elevador não
funcionar. E também muitas
vezes os alunos são colocados
em risco, pois não há ascensorista", afirma.
Em fevereiro, reportagem da
Folha mostrou o caso da aluna
Natasha Batista, 9, com paralisia cerebral, que precisava da
ajuda da mãe para assistir à aula. A escola estadual que freqüenta, a Arthur Guimarães,
não tem acessibilidade e, mesmo assim, a aluna foi colocada
numa sala do segundo andar.
A secretaria mudou a turma
de Natasha para o térreo, mas
até agora não há funcionária
para ajudá-la a tomar lanche e
ir ao banheiro.
Texto Anterior: Veto a caminhão contraria ações da gestão Kassab
Próximo Texto: Outro lado: Meta de Secretaria Estadual é, até 2010, acessibilidade em metade das escolas Índice
|