São Paulo, sábado, 05 de abril de 2008

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Filme sobre maconha acaba em confronto

Conflito entre alunos, PMs e vigilantes ocorreu após veto à exibição na Universidade Federal de Minas

MATHEUS PICHONELLI
DA AGÊNCIA FOLHA

A exibição de um filme sobre o uso da maconha deu início a um conflito entre universitários, professores e policiais anteontem na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
Vários estudantes ficaram feridos e duas alunas, com escoriações no corpo, tiveram de ser levadas a um pronto-socorro.
Segundo o DCE (Diretório Central dos Estudantes), a confusão teve início por volta das 18h30, quando um grupo com cerca de 70 alunos do Instituto de Geociências exibia o documentário "Maconha Grass", do diretor canadense Ron Mann, em uma arena da unidade no campus Pampulha.
O filme aborda questões polêmicas sobre uso da droga e argumenta, entre outros pontos, que a proibição da maconha ocorre em razão de interesses políticos e econômicos.
Segundo a PM, foram espalhados cartazes pela faculdade que faziam apologia das drogas e não havia autorização da direção do instituto para promover o evento. Diante da insistência dos alunos na exibição, a direção da unidade solicitou reforço da segurança.
Cristina Augustin, diretora do instituto, disse que a autorização não foi dada porque os organizadores não se apresentaram e não informaram horário e responsáveis pelo evento.
"Não fomos oficialmente avisados. Por isso achamos por bem proibir. Não foi porque o vídeo era sobre drogas", disse.
Na UFMG, a segurança é feita por vigilantes terceirizados, que não podem usar armas. Mas um convênio entre a universidade e a PM permite que soldados trabalhem nas áreas comuns, desde que a reitoria autorize. A reitoria nega ter autorizado a entrada dos policiais.
Segundo a PM, vigilantes que foram até o instituto para interromper a exibição foram ameaçados e pediram ajuda à polícia, que já estava no campus.
Quando os militares chegaram, houve tumulto com os estudantes. Um aluno chegou a ser detido por suposto desacato à autoridade.
A prisão gerou revolta nos universitários. A PM pediu reforço. Segundo Glória Trogo, coordenadora do DCE, os PM chamados começaram a agredir os participantes. Já segundo a PM, a confusão foi iniciada porque militares foram recepcionados com pedradas.
Em razão do conflito, alguns alunos se negaram a assistir aulas no Instituto de Geociências. Em assembléia na noite de ontem, eles optaram pela greve.
Eles exigem que a reitoria encerre o convênio com a PM e requerem retratação pública.


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