São Paulo, quarta-feira, 05 de maio de 2010

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USP ameaça multar grevista que fizer piquete no campus

Servidores entram em greve hoje e reivindicam aumento salarial de 16% mais R$ 200, além do repasse de 6% dado aos professores

Reitoria diz que não pagará por dias não trabalhados e que obteve liminar na Justiça que prevê multa de R$ 1.000, em caso de transtornos

JULIANNA GRANJEIA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Sob a ameaça de multa da reitoria, funcionários da USP (Universidade de São Paulo) devem entrar em greve a partir de hoje. Os servidores reivindicam aumento salarial de 16% mais R$ 200 e o repasse de 6% dado aos professores da instituição em fevereiro deste ano.
A paralisação deve afetar serviços como o ônibus circular, o restaurante universitário, laboratórios, museus, bibliotecas e setores administrativos.
A reitoria diz ter obtido uma liminar na Justiça que fixa multa de R$ 1.000 por dia, caso o movimento cause transtornos -como colocação de piquetes e bloqueios de acesso-, e afirma que não haverá o pagamento dos dias não trabalhados.
O diretor de base do Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP), Magno de Carvalho, disse que a liminar não enfraquece o movimento e que o início da greve está mantido.
"Não estamos intimidados com essas ameaças. Nos últimos anos, essa coisa de liminar e multa é comum. Amanhã [hoje], na primeira hora da greve, vamos votar o cerco do prédio da reitoria e o fechamento dos outros prédios", afirmou.
De acordo com ele, os piquetes são feitos para não distinguir os funcionários que entraram em greve e os que não entraram e evitar perseguições.
"Com o prédio fechado, não é possível descontar do salário pelo ponto e evitamos que os funcionários sejam ameaçados e perseguidos. Essas ameaças nunca intimidaram os trabalhadores", disse o diretor.
Procurada pela reportagem da Folha, a reitoria da USP não quis comentar as declarações.
Segundo a instituição, as reivindicações ainda não foram avaliadas, o que deve começar a ocorrer no encontro entre os reitores e os dirigentes dos sindicatos de professores e servidores das universidades estaduais paulistas (USP, Unesp e Unicamp) no dia 11. A greve foi aprovada no fim de abril.
No ano passado, uma greve iniciada por funcionários da USP, também em 5 de maio, ganhou a adesão de professores e estudantes um mês depois, após a Polícia Militar ter sido chamada pela então reitora, Suely Vilela, para impedir piquetes dos servidores em prédios como a reitoria.
A greve durou 57 dias e foi marcada por um conflito que deixou ao menos dez feridos entre a Força Tática da Polícia Militar, de um lado, e estudantes e funcionários, do outro.
A paralisação terminou em 22 de junho sem que as principais reivindicações da categoria fossem atendidas.


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