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Cresce o número de pessoas mortas pela PM
Aumento foi de 40% no primeiro trimestre deste ano ante o mesmo período do ano passado (de 104 para 146 mortos)
No 1º ano da gestão do secretário Ferreira Pinto, total de mortos por PMs subiu 54%; para coronel da reserva, dado é alarmante
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Cresceu o número de pessoas
mortas em confronto com policiais militares de SP. A alta foi
de 40% nos três primeiros meses deste ano em comparação
ao mesmo período de 2009: subiu de 104 para 146 mortos.
Já o total de PMs mortos em
situação de confronto passou
de três para cinco.
O aumento dos chamados casos de "resistência seguida de
morte" coincide com o início da
gestão do secretário da Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, que assumiu o cargo
em março do ano passado.
Nos últimos 12 meses, de
abril de 2009 a março deste
ano, o número de mortes provocadas por PMs em serviço foi
54% maior do que nos 12 meses
anteriores, na gestão de Ronaldo Marzagão.
Ao assumir, Ferreira Pinto,
chamado de "linha dura", defendeu uma atuação mais intensiva da PM e da Rota.
Ao participar da cerimônia
de troca de comando da Rota,
fez elogios ao batalhão de elite
da PM e disse que a unidade
voltaria às ruas. "E o enfrentamento? Ora, o enfrentamento é
uma opção do criminoso. Só
dele!", discursou o secretário.
E completou: "Em matéria
de segurança, o politicamente
correto beira à hipocrisia".
Ao mesmo tempo, o novo secretário iniciou rigorosa investigação de crimes envolvendo
policiais civis - o que lhe rendeu elogios e inimigos.
Roubos em queda
O aumento do número de
pessoas mortas pela PM ocorre
no momento em que o governo
reduziu os índices de crimes
contra o patrimônio, que vinham batendo recordes históricos, como os roubos.
Na comparação entre os três
primeiros meses de 2009 e de
2010, houve queda do total de
roubos (13%), furtos (5%), furtos de veículos (10%), roubos
de veículos (12%) e roubos de
cargas (7%). Por outro lado, os
homicídios cresceram no Estado 7% e, na capital, 23%.
Alerta
Para o coronel da reserva José Vicente da Silva, consultor
na área de segurança, esse índice de letalidade pode ser considerado alarmante. "O alarme
do governo deve estar soando."
Segundo o policial aposentado, os estudos internacionais
apontam como "tolerante"
uma média de, numa situação
de confronto, dez civis mortos
para cada policial assassinado.
Nos últimos 12 meses da gestão Ferreira Pinto, 18 PMs
morreram durante o horário de
serviço -uma média de um para 31 bandidos mortos.
Para o coronel da reserva, é
preciso ficar atento para que
não haja mortes travestidas de
confrontos. Para isso, todos os
casos devem ser investigados. E
o comando deve sinalizar que
não tolera abusos. "Quando o
governo dizia "Vamos colocar a
Rota na rua", o pessoal já entendia o recado."
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