São Paulo, terça-feira, 05 de junho de 2001

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Marido controlava horários em caderno

DA REPORTAGEM LOCAL

Já adulta, Mariana (nome fictício), 47, teve de voltar a ter hábitos de criança: era obrigada a anotar em um caderno, que ficava na sala, a hora em que saía de casa, para onde ia e a hora em que voltaria.
Tudo isso para que o marido pudesse controlá-la. A última briga do casal, há cerca de um mês, foi tão violenta que o braço de Mariana ainda está marcado.
"Eu errei, ninguém deve suportar um sofrimento desse por tanto tempo", afirma ela, que está terminando na Justiça o casamento de 20 anos. "Aguentei porque tive medo de que meus filhos passassem fome", justifica.
Os problemas se agravaram quando o marido perdeu passou a não ter mais como pagar o aluguel da casa, na periferia da zona leste de São Paulo. Mariana passou a trabalhar para ajudá-lo.
"Ele dizia que eu tinha desejado o mal dele, então a minha condenação seria pagar o aluguel e não ter dinheiro para mais nada." O ex-marido controlava sua renda. Quando ela conseguia o dinheiro do aluguel -R$ 250-, ele a obrigava a ficar em casa, mesmo se ela tivesse compromissos profissionais. Quando tentava desobedecer, lhe perguntava se o dinheiro era para sair com outros homens.
Mariana diz que o marido chegou a obrigá-la, com uma faca nas mãos, a fazer sexo. "Ele diz que está arrependido e que me ama. Os meninos têm pena, mas não adianta. Pedi a libertação desse sofrimento e fui atendida." (GA)


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