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Culto reúne mil pessoas na Candelária
Parentes de vítimas do voo AF 447 choram, mas alguns dizem ter esperança de que os passageiros sejam achados vivos
Chanceleres da França e do Brasil, governador Sérgio Cabral e prefeito Eduardo Paes estavam presentes; arquidiocese faz missa hoje
Rafael Andrade/Folha Imagem
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Familiares e amigos homenagearam passageiros do voo AF 447, na igreja da Candelário, no Rio
DA SUCURSAL DO RIO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
Um ato multirreligioso em
homenagem às vítimas do acidente com o avião da Air France reuniu cerca de mil pessoas
na igreja da Candelária, no centro do Rio, ontem de manhã.
Havia pelo menos 40 parentes de vítimas, além de amigos e
funcionários da companhia aérea. Ao todo, 58 brasileiros viajavam no voo AF 447.
Em clima de emoção, alguns
parentes afirmaram ter ainda
esperança de que os passageiros estejam vivos.
Muitos choravam. Durante e
após a cerimônia, uma mulher
passou mal e foi socorrida.
"Só quem está na pele [dos
envolvidos] sabe o que é a dor",
disse a tradutora Ana Cláudia
Dutra, 42 anos, prima do maestro Silvio Barbato. "Muitos
acreditam que tem gente lutando para sobreviver. No fundo,
eu acredito que ele está lá, vivo
e lutando", afirmou.
"Nos anos 1970, dom Eudes
[de Orleans e Bragança] sofreu
um acidente aéreo quando viajava para as Bahamas, passou
dias desaparecido e, quando todo mundo já o considerava
morto, ele foi encontrado vivo",
contou dom Antonio de Orleans e Bragança, pai de dom
Pedro Luiz de Orleans e Bragança e Ligne, 26, que ia para
Paris no avião da Air France
que caiu no mar. Todos são da
família real brasileira.
Já a secretária Patrícia Carneiro, amiga da passageira Maria de Fátima Vale, afirmou não
ter esperança de encontrá-la
viva. "Estão achando os destroços. Se houvesse alguém vivo, já
teria sido achado."
Carlos Roberto Rimer, amigo
do passageiro José Gregório
Marques -juiz federal aposentado que viajava com a mulher,
Maria Teresa-, comentou a
reação da família: "Era um casal apaixonado, que iria comemorar o aniversário dele na
França. A família vê como uma
perda em que eles estavam juntos indo para uma celebração".
Os religiosos tentaram confortar os envolvidos. "Não chore porque partiu; sorria porque
existiu", disse um deles, repetindo um ditado alemão.
Entre as autoridades presentes, estavam o ministro de Assuntos Exteriores da França,
Bernard Kouchner, o chanceler
Celso Amorim, o governador
Sérgio Cabral (PMDB) e o prefeito Eduardo Paes (PMDB).
O culto foi promovido pelo
Estado e pela Prefeitura do Rio,
um dia após evento semelhante
que reuniu 4.000 pessoas em
Paris. No Rio, participaram representantes de oito religiões
-católicos, anglicanos, presbiterianos, luteranos, muçulmanos, judeus, ortodoxos e evangélicos da Assembleia de Deus.
O representante católico foi
o bispo auxiliar do Rio, dom
Antonio Augusto Dias Duarte.
A cerimônia começou com a
execução dos hinos da França e
do Brasil, seguida de um minuto de silêncio.
Hoje a Arquidiocese do Rio
realiza missa em solidariedade
aos parentes dos ocupantes do
avião. Será às 18h, na paróquia
de Nossa Senhora do Carmo da
Antiga Sé (centro do Rio). O
presidente Lula é esperado,
mas sua agenda oficial não prevê a ida ao evento.
(FÁBIO GRELLET, ITALO NOGUEIRA E SAMIA BARBOSA)
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