São Paulo, sexta-feira, 05 de junho de 2009

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Culto reúne mil pessoas na Candelária

Parentes de vítimas do voo AF 447 choram, mas alguns dizem ter esperança de que os passageiros sejam achados vivos

Chanceleres da França e do Brasil, governador Sérgio Cabral e prefeito Eduardo Paes estavam presentes; arquidiocese faz missa hoje


Rafael Andrade/Folha Imagem
Familiares e amigos homenagearam passageiros do voo AF 447, na igreja da Candelário, no Rio

DA SUCURSAL DO RIO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Um ato multirreligioso em homenagem às vítimas do acidente com o avião da Air France reuniu cerca de mil pessoas na igreja da Candelária, no centro do Rio, ontem de manhã.
Havia pelo menos 40 parentes de vítimas, além de amigos e funcionários da companhia aérea. Ao todo, 58 brasileiros viajavam no voo AF 447.
Em clima de emoção, alguns parentes afirmaram ter ainda esperança de que os passageiros estejam vivos.
Muitos choravam. Durante e após a cerimônia, uma mulher passou mal e foi socorrida.
"Só quem está na pele [dos envolvidos] sabe o que é a dor", disse a tradutora Ana Cláudia Dutra, 42 anos, prima do maestro Silvio Barbato. "Muitos acreditam que tem gente lutando para sobreviver. No fundo, eu acredito que ele está lá, vivo e lutando", afirmou.
"Nos anos 1970, dom Eudes [de Orleans e Bragança] sofreu um acidente aéreo quando viajava para as Bahamas, passou dias desaparecido e, quando todo mundo já o considerava morto, ele foi encontrado vivo", contou dom Antonio de Orleans e Bragança, pai de dom Pedro Luiz de Orleans e Bragança e Ligne, 26, que ia para Paris no avião da Air France que caiu no mar. Todos são da família real brasileira.
Já a secretária Patrícia Carneiro, amiga da passageira Maria de Fátima Vale, afirmou não ter esperança de encontrá-la viva. "Estão achando os destroços. Se houvesse alguém vivo, já teria sido achado."
Carlos Roberto Rimer, amigo do passageiro José Gregório Marques -juiz federal aposentado que viajava com a mulher, Maria Teresa-, comentou a reação da família: "Era um casal apaixonado, que iria comemorar o aniversário dele na França. A família vê como uma perda em que eles estavam juntos indo para uma celebração".
Os religiosos tentaram confortar os envolvidos. "Não chore porque partiu; sorria porque existiu", disse um deles, repetindo um ditado alemão.
Entre as autoridades presentes, estavam o ministro de Assuntos Exteriores da França, Bernard Kouchner, o chanceler Celso Amorim, o governador Sérgio Cabral (PMDB) e o prefeito Eduardo Paes (PMDB).
O culto foi promovido pelo Estado e pela Prefeitura do Rio, um dia após evento semelhante que reuniu 4.000 pessoas em Paris. No Rio, participaram representantes de oito religiões -católicos, anglicanos, presbiterianos, luteranos, muçulmanos, judeus, ortodoxos e evangélicos da Assembleia de Deus.
O representante católico foi o bispo auxiliar do Rio, dom Antonio Augusto Dias Duarte. A cerimônia começou com a execução dos hinos da França e do Brasil, seguida de um minuto de silêncio.
Hoje a Arquidiocese do Rio realiza missa em solidariedade aos parentes dos ocupantes do avião. Será às 18h, na paróquia de Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé (centro do Rio). O presidente Lula é esperado, mas sua agenda oficial não prevê a ida ao evento.
(FÁBIO GRELLET, ITALO NOGUEIRA E SAMIA BARBOSA)


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