São Paulo, quinta-feira, 05 de julho de 2007

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Teste revela que a menina James, 16, não está grávida

Registrada como homem diz que não conseguia exame

Caio Guatelli - 28.jun.2007/Folha Imagem
James com a certidão em que está registrada como homem


VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Exame laboratorial de sangue feito ontem pela primeira vez na jovem James Alves da Silva, 16, deu negativo para a gravidez. James, como mostrou reportagem da Folha na edição de domingo, foi registrada como menino.
Na reportagem, a menina dizia ter constatado a gravidez por meio de dois testes de urina, há dois meses. Ela afirmou ainda que não conseguia realizar um exame de ultra-som na rede municipal de saúde porque sua certidão de nascimento, seu único documento, a identifica como sendo do sexo masculino.
Também dizia não poder se casar com o namorado, o pintor de paredes José Rocha Pereira, 28, com quem já mora há cinco meses.
Segundo médicos, ela pode ter a chamada "gravidez psicológica", já que tem barriga aparente e diz ter parado de menstruar desde abril. Pode ainda ter sofrido um aborto espontâneo nas primeiras semanas da suposta gestação.
"Fiquei muito triste, mas não posso fazer nada. Tinha feito um teste na farmácia e deu positivo", disse após saber do resultado negativo.
O exame, pago pela Folha, foi feito pelo laboratório Fleury do Shopping Jardim Sul, Morumbi (zona oeste de SP). James, porém, enfrentou problemas na hora de preencher o cadastro no sistema informatizado em função da documentação, e o teste só foi realizado após a intervenção do coordenador ambulatorial.
O mesmo problema a adolescente diz ter enfrentado na rede pública. Procurada pela Folha na última quinta-feira, a Secretaria Municipal da Saúde não contestou a informação e disse apenas que agilizaria o atendimento da garota em um posto de saúde do bairro. Só após a publicação da reportagem que a pasta informou que o erro de gênero nunca foi empecilho para atendimento da adolescente no sistema público e que ela teria feito, inclusive, exames de urina para detectar gravidez no início de abril. O resultado teria sido negativo.
O caso de James recebeu apoio da Promotoria da Infância e da Juventude de Ilhéus (BA), região onde nasceu, e da Defensoria Pública paulista.
Segundo a promotora Maria Amélia Sampaio Goes, o Ministério Público pode entrar com uma ação de retificação na comarca de Ilhéus.
Para isso, é preciso reunir documentos de James e da mãe e um atestado de um médico afirmando que não é possível haver confusão entre os sexos.


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