São Paulo, quinta-feira, 05 de agosto de 2010

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ANÁLISE

Duopólio de TAM e Gol em um país grande como o Brasil é inacreditável

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

O atual caos aéreo pode até ser localizado e particular, mas é uma nova história de uma crise anunciada que, obviamente, iria despencar (espera-se que não literalmente) na cabeça e na paciência dos mais fracos.
As companhias aumentam seus passageiros, seus destinos e, portanto, seus lucros, mas... não aumentam o número de tripulantes. Típica operação aritmética que não fecha. E que certamente tem resultados dramáticos.
Quem acaba pagando a conta, em todos os seus sentidos e não apenas o financeiro, são os empregados e os usuários. Isso vale para qualquer atividade econômica, mas principalmente para a aviação.
Se você atrasa ou quer mudar a passagem, tem de pagar uma fortuna -em geral, R$ 50 de multa, mais a diferença da tarifa, o que muitas vezes soma o equivalente ao preço original, como se você jogasse uma fora para comprar a outra. E se a companhia é que atrasa uma, duas horas? Ela não paga nada, e você é que fica no prejuízo.
Esse desleixo com o direito do cidadão tem uma realimentação assegurada pela lentidão da Justiça e pelo decantado excesso da burocracia brasileira.
Se não acontece nada e, principalmente, se não dói no bolso, para que mudar? Vai-se tocando, ajeita-se agora e é só esperar pela nova crise, que fatalmente virá. E virá nas asas de uma palavra que resume tudo: duopólio.
No quinto maior país do mundo, é inacreditável que só haja duas companhias de grande porte, a Gol e a TAM.
Ia dar no que deu, mesmo com a Azul, a Webjet e a Avianca (ex-Ocean Air) esgueirando-se no mercado.
As medidas debatidas e anunciadas para aliviar a pressão não deram em nada. Para citar uma: onde foi parar a ampliação do capital estrangeiro nas companhias aéreas brasileiras, restrito até hoje a 20%? Todo mundo se diz a favor, mas nunca passa.


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