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ANÁLISE
Duopólio de TAM e Gol em um país grande como o Brasil é inacreditável
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
O atual caos aéreo pode
até ser localizado e particular, mas é uma nova história
de uma crise anunciada que,
obviamente, iria despencar
(espera-se que não literalmente) na cabeça e na paciência dos mais fracos.
As companhias aumentam seus passageiros, seus
destinos e, portanto, seus lucros, mas... não aumentam o
número de tripulantes. Típica operação aritmética que
não fecha. E que certamente
tem resultados dramáticos.
Quem acaba pagando a
conta, em todos os seus sentidos e não apenas o financeiro, são os empregados e os
usuários. Isso vale para qualquer atividade econômica,
mas principalmente para a
aviação.
Se você atrasa ou quer mudar a passagem, tem de pagar uma fortuna -em geral,
R$ 50 de multa, mais a diferença da tarifa, o que muitas
vezes soma o equivalente ao
preço original, como se você
jogasse uma fora para comprar a outra. E se a companhia é que atrasa uma, duas
horas? Ela não paga nada, e
você é que fica no prejuízo.
Esse desleixo com o direito
do cidadão tem uma realimentação assegurada pela
lentidão da Justiça e pelo decantado excesso da burocracia brasileira.
Se não acontece nada e,
principalmente, se não dói
no bolso, para que mudar?
Vai-se tocando, ajeita-se agora e é só esperar pela nova
crise, que fatalmente virá. E
virá nas asas de uma palavra
que resume tudo: duopólio.
No quinto maior país do
mundo, é inacreditável que
só haja duas companhias de
grande porte, a Gol e a TAM.
Ia dar no que deu, mesmo
com a Azul, a Webjet e a
Avianca (ex-Ocean Air) esgueirando-se no mercado.
As medidas debatidas e
anunciadas para aliviar a
pressão não deram em nada.
Para citar uma: onde foi parar a ampliação do capital estrangeiro nas companhias
aéreas brasileiras, restrito até
hoje a 20%? Todo mundo se
diz a favor, mas nunca passa.
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