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Ampliar a oferta é a solução, dizem especialistas
DA REPORTAGEM LOCAL
A redução do abuso contra mulheres no transporte coletivo passa pela disponibilização de oferta
maior, que traga mais conforto e
não cause superlotação, avaliam
gestores públicos e especialistas.
O consenso, porém, encontra
obstáculos para que ações desse
tipo sejam colocadas em prática.
No Metrô de São Paulo, por
exemplo, a linha 3-vermelha (Leste/Oeste), a mais saturada, "já está
no limite de sua capacidade de
oferta", afirma Maria Olívia Martin Santana, chefe do departamento que cuida do relacionamento com os clientes.
O intervalo entre os trens nessa
ligação é próximo de cem segundos nas horas de rush, um dos
mais baixos do mundo inteiro,
próximo do limite de segurança.
Ou seja, é quase impossível disponibilizar mais composições.
Segundo Santana, isso não significa que não haja solução para
minimizar a superlotação, mas,
sim, que ela é de longo prazo e
passa pela expansão da rede, com
a construção de mais linhas que
ajudem a desafogar as existentes.
Vagões femininos
O Metrô descarta a adoção de
vagões femininos. Santana diz
que as mulheres são 50% dos
usuários e que, além dos problemas operacionais, a separação
não é um desejo manifestado por
elas em pesquisas qualitativas.
Ela afirma, ainda, que a presença de câmeras dentro dos trens
não resolveria esse problema. "Na
superlotação, só enxergaria a cabeça, não veria nada embaixo."
A representante do Metrô diz
que a companhia tem hoje 900
agentes que circulam pelas estações. Há seis meses, alguns passaram a fazer vigilância à paisana.
Sérgio Carvalho Jr., gerente do
serviço de atendimento ao usuário da CPTM, diz não receber
queixas formais das mulheres
"porque a reclamação é uma situação de constrangimento".
Ele diz que a adoção de vagões
para mulheres nos anos 90 resultou em "mais reclamações do que
elogios". "Ampliar a oferta de lugares é a única solução", afirma.
Na malha da CPTM, a colocação
de mais trens seria capaz de reduzir os intervalos e, portanto, aumentar a disponibilidade.
Carvalho Jr. afirma que, nos
próximos meses, os intervalos
cairão de sete para seis minutos
no Expresso Leste e na linha C
(Osasco-Jurubatuba) e de nove
para oito minutos na linha D.
Diz, porém, que, pelos limites
de segurança, reduções mais
drásticas nesse intervalo para permitir a presença de mais trens demandaria mudanças significativas no sistema de comunicação.
(AI)
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