São Paulo, segunda-feira, 05 de setembro de 2005

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Ampliar a oferta é a solução, dizem especialistas

DA REPORTAGEM LOCAL

A redução do abuso contra mulheres no transporte coletivo passa pela disponibilização de oferta maior, que traga mais conforto e não cause superlotação, avaliam gestores públicos e especialistas.
O consenso, porém, encontra obstáculos para que ações desse tipo sejam colocadas em prática.
No Metrô de São Paulo, por exemplo, a linha 3-vermelha (Leste/Oeste), a mais saturada, "já está no limite de sua capacidade de oferta", afirma Maria Olívia Martin Santana, chefe do departamento que cuida do relacionamento com os clientes.
O intervalo entre os trens nessa ligação é próximo de cem segundos nas horas de rush, um dos mais baixos do mundo inteiro, próximo do limite de segurança. Ou seja, é quase impossível disponibilizar mais composições.
Segundo Santana, isso não significa que não haja solução para minimizar a superlotação, mas, sim, que ela é de longo prazo e passa pela expansão da rede, com a construção de mais linhas que ajudem a desafogar as existentes.

Vagões femininos
O Metrô descarta a adoção de vagões femininos. Santana diz que as mulheres são 50% dos usuários e que, além dos problemas operacionais, a separação não é um desejo manifestado por elas em pesquisas qualitativas.
Ela afirma, ainda, que a presença de câmeras dentro dos trens não resolveria esse problema. "Na superlotação, só enxergaria a cabeça, não veria nada embaixo."
A representante do Metrô diz que a companhia tem hoje 900 agentes que circulam pelas estações. Há seis meses, alguns passaram a fazer vigilância à paisana.
Sérgio Carvalho Jr., gerente do serviço de atendimento ao usuário da CPTM, diz não receber queixas formais das mulheres "porque a reclamação é uma situação de constrangimento".
Ele diz que a adoção de vagões para mulheres nos anos 90 resultou em "mais reclamações do que elogios". "Ampliar a oferta de lugares é a única solução", afirma.
Na malha da CPTM, a colocação de mais trens seria capaz de reduzir os intervalos e, portanto, aumentar a disponibilidade.
Carvalho Jr. afirma que, nos próximos meses, os intervalos cairão de sete para seis minutos no Expresso Leste e na linha C (Osasco-Jurubatuba) e de nove para oito minutos na linha D.
Diz, porém, que, pelos limites de segurança, reduções mais drásticas nesse intervalo para permitir a presença de mais trens demandaria mudanças significativas no sistema de comunicação.
(AI)


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