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São Paulo, domingo, 05 de outubro de 2003

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Salvador lidera reajuste acima do INPC

DA REPORTAGEM LOCAL

Se as tarifas de ônibus das principais capitais brasileiras tivessem sido corrigidas nos últimos nove anos pela variação nacional do INPC, elas custariam hoje entre R$ 0,92 (em Belo Horizonte, Recife, Rio de Janeiro e Salvador) e R$ 1,32 (em São Paulo). Na prática, entretanto, elas variam de R$ 1,30 (Recife) a R$ 1,70 (São Paulo).
A capital da Bahia, alvo de uma série de protestos nas últimas semanas contra a elevação da passagem de R$ 1,30 para R$ 1,50, foi a que mais superou -em 62,2%- a correção inflacionária.
Em São Paulo, os maiores reajustes ocorreram na gestão Celso Pitta (1997-2000), quando a tarifa de ônibus subiu 43,75% e a inflação, 22,06%. O ex-secretário de Comunicação de Pitta Antenor Braido alega que a prefeitura não tinha como controlar os aumentos por causa dos contratos feitos na administração Luiza Erundina (1989-1992), que previam a remuneração das viações de acordo com as despesas, e não com a quantidade de passageiros.
O diretor-adjunto de gestão econômica e financeira da SPTrans (órgão municipal que cuida do transporte coletivo) do governo Marta Suplicy (PT), Adauto Farias, culpa os custos do setor pela elevação da passagem, mas relativiza a redução de 2 milhões de viagens diárias.
"A queda na renda do trabalhador e a tarifa com certeza fizeram a procura cair, mas não chegou a ser nessa dimensão", diz Farias, para quem as greves, a expansão do metrô, a integração nos terminais e a subnotificação dos usuários das lotações também contribuíram para esse resultado.
"É um fenômeno geral. A tarifa nada mais é do que os custos rateados entre os usuários pagantes", diz Jurandir Fernandes, secretário de Estado dos Transportes Metropolitanos, sobre os reajustes do Metrô paulista.
"Há uma consciência hoje de que é uma política suicida [pressionar por reajustes]. Esse convencimento é recente", diz Otávio Cunha, presidente da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos).
Nas últimas semanas, empresários e especialistas do setor encaminharam propostas ao presidente Lula que levariam à diminuição das tarifas cobradas dos usuários. Um parecer técnico da Casa Civil diz que Lula "teria ficado impressionado" com os dados sobre a exclusão social do transporte e sugere ao ministro José Dirceu que concorde com as reivindicações -que vão da mudança nos critérios das gratuidades à desoneração tributária.


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