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São Paulo, domingo, 05 de outubro de 2003

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SAÚDE

Estudo mostra que risco de doenças coronarianas cresce entre os homens que apresentam disfunção erétil

Impotência pode indicar problema cardíaco

DA REPORTAGEM LOCAL

Dificuldades constantes de ereção podem ser um indicativo de doenças do coração, um problema ainda mais grave que pode acabar até em infarto.
Um estudo apresentado no último Congresso Brasileiro de Cardiologia, em Salvador (BA), quantificou melhor a relação entre esses dois problemas.
O grau de disfunção erétil foi dividido em três níveis: leve, quando acontece ocasionalmente, moderada, em que a falha ocorre frequentemente, e completa, quando o homem "broxa" quase sempre ou sempre.
Uma coisa não causa a outra, mas, entre homens que têm disfunção leve, o risco de doenças coronarianas é superior ao dobro do que entre os que não falham. A probabilidade de ocorrer doença coronariana passa de 2,9% entre os que não têm falhas para 6,5% nos homens com disfunção leve.
A ameaça aumenta à medida que o grau de disfunção piora. Nos pacientes em que a falha ocorre quase sempre, um em cada cinco também têm doenças coronarianas -obstrução dos vasos do coração que pode resultar em infarto. Isso significa uma incidência quase sete vezes maior.
A relação entre disfunção erétil e problemas do coração é importante porque algumas vezes o primeiro sinal da doença coronariana é justamente o infarto. Com isso, se os médicos prestarem atenção à conexão entre os dois problemas, futuras complicações podem vir a ser evitadas.
É isso o que explica Edson Duarte Moreira Jr., pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) na Bahia e um dos coordenadores do estudo. "O estudo sugere que a disfunção erétil pode ser uma "manifestação-sentinela", um aviso", afirma. "O problema da doença coronariana é que muitas vezes ela é assintomática, o primeiro sintoma às vezes é um infarto", completa.
De acordo com o pesquisador da Fiocruz na Bahia, "por trás do infarto e da disfunção erétil temos o mesmo problema, que é a obstrução do vaso [sanguíneo]".
O estudo, chamado de Avaliar, é financiado pelo laboratório Pfizer, que produz o Viagra, a droga que detém 68% do mercado no tratamento de disfunção erétil e recentemente ganhou novos concorrentes. No ano passado, a empresa faturou US$ 62 milhões no Brasil. No mundo, o faturamento em 2002 foi de US$ 1,7 bilhão.

A pesquisa
No total, 4.300 médicos de várias especializações fizeram mais de 71 mil entrevistas com pacientes homens em seus consultórios para chegar a esses resultados. O projeto foi realizado em nove cidades, entre elas sete capitais.
De acordo com uma outra pesquisa, realizada em 2001, 46,2% dos homens do Brasil apresentam algum tipo de problema de ereção. Mas 12,1% têm disfunção moderada, e 2,6%, completa.
No final de maio de 2003, já havia sido divulgada uma primeira parte do projeto Avaliar, que mostrou que apenas 36% dos médicos perguntam frequentemente ou sempre sobre a saúde sexual de seus pacientes. Agora, com a confirmação de que a disfunção erétil é um importante sinalizador de problemas cardíacos, esse dado ganha um novo sentido.
Como bem mostrou a pesquisa, os assuntos da cama têm relação direta com os do coração.


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