São Paulo, quarta-feira, 05 de dezembro de 2007

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Maranhão tem o pior resultado entre os Estados

DA AGÊNCIA FOLHA

A falta de qualificação dos professores da rede pública foi apontada por especialistas em educação do Maranhão -dominado por décadas pelo clã Sarney e agora nas mãos de opositores do ex-presidente- como a principal causa do fraco desempenho do Estado no Pisa.
O programa avalia o nível educacional de adolescentes de 15 anos por meio de provas de ciências, matemática e leitura. A média obtida pelos estudantes do Maranhão nas três provas do programa foi a mais baixa de todo o país.
Para a professora Conceição Raposo, do curso de mestrado em educação da UFMA (Universidade Federal do Maranhão), além da falta de professores qualificados, o Estado padece de problemas sociais que afetam a qualidade do ensino.
"O resultado [do programa] tem coerência com os demais indicadores do Estado. Grande parte dos municípios do país com o menor IDH [Índice de Desenvolvimento Humano] está no Maranhão, a distribuição de renda é ruim, a mortalidade infantil é alta. Há uma série de fatores sociais que a educação sozinha não explica [o mau desempenho dos alunos]", disse Raposo.
Segundo ela, o Estado expandiu o ensino médio de forma muito rápida, sem ter professores qualificados para suprir a demanda. Em 2002, apenas 58 dos 217 municípios do Maranhão tinham ensino médio na rede pública. Desde 2005, o ensino médio público é ofertado em todo o Estado.

Desqualificação
Um exemplo da falta de docentes foi o concurso feito no final de 2005 para contratação de professores para a rede pública, que ficou com cerca de 300 vagas sem preenchimento.
"Teve localidade que ninguém se inscreveu porque não tinha professor habilitado. Em outros municípios, os candidatos se inscreveram, mas não passaram", disse Odair José Santos, presidente do Sindicato dos Professores da Rede Pública do Maranhão.
Como conseqüência do problema, disse Santos, há, por exemplo, professores de pedagogia dando aula de matemática e docentes de história ministrando física. Para o professor, os baixos salários também não incentivam a formação de novos professores.
A supervisora de avaliação da Secretaria da Educação do Estado, Silvana Machado, informou, por meio da assessoria de imprensa, que o atual governo tem a educação como uma de suas prioridades e que é difícil romper com o descaso com que a área foi tratada durante os últimos 40 anos, em referência aos governos anteriores.
De acordo com ela, muitos dos alunos avaliados cursavam ainda o ensino fundamental, e não o ensino médio, por causa da grande defasagem idade/série que existe entre alunos do Estado. (SÍLVIA FREIRE)


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