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Onda de 10 metros atinge comunidade no Amazonas
Provocada por um deslizamento de terra na margem do rio, a onda destruiu duas casas e deixou um desaparecido
21 moradores de Costa da Águia foram levados para a escola de uma comunidade vizinha; peixes e jacarés foram arremessados do rio
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
Um deslizamento de aproximadamente 2.800 m2 de uma
faixa de terra na margem direita do rio Amazonas, próximo à
cidade de Parintins (AM), provocou na sexta-feira a formação de uma onda gigante de dez
metros de altura. A onda atingiu a comunidade ribeirinha
Costa da Águia, que também fica na margem direita do rio
Amazonas, e deixou um homem desaparecido.
Segundo o tenente Sulemar
Barroso, do Corpo de Bombeiros, a onda gigante destruiu
duas casas de madeiras (palafitas) da comunidade e arremessou jacarés, peixes e duas pequenas embarcações para fora
do rio Amazonas.
Os 21 moradores da localidade foram transferidos pela Defesa Civil para a margem esquerda do rio Amazonas e estão alojados numa escola da comunidade Vila do Bentes.
Os deslizamentos de terra
das margens dos rios amazônicos são normais durante o período de cheia, mas o volume,
desta vez, foi muito grande. A
onda se formou, conforme especialistas, devido ao choque
da terra com a água, fenômeno
chamado de "terras caídas".
A faixa de terra que caiu na
margem direita do rio Amazonas formava um barranco de
três a sete metros de altura,
próximo à comunidade Costa
da Águia (a 40 km de Parintins). Conforme relatos dos
moradores, a onda surgiu a 300
metros da comunidade.
De acordo com Barroso, o fenômeno aconteceu por volta
das 14h30 (15h30 em Brasília)
de sexta. Os bombeiros conseguiram chegar ao local -viajando em uma lancha, partindo
de Parintins (369 km ao centro
de Manaus)- uma hora e meia
depois do ocorrido.
Desaparecido
Os bombeiros foram acionados por moradores de outras
comunidades, via telefone celular. "Quando chegamos, ainda vimos uma onda menor, de
um metro e meio, o que impossibilitou fazermos as buscas
submersas ao morador que está
desaparecido", afirmou o tenente Barroso.
O homem desaparecido é o
agricultor Jorge Castro da Silva, 42. A sobrinha do agricultor,
Euzimara da Silva Gomes, 20,
que mora na comunidade Saracura (vizinha de Vila do Bentes), disse que ele desapareceu
quando tentava avisar um morador sobre o deslizamento de
terras. Casado e com sete filhos, o agricultor vivia da produção de juta.
Euzimara Gomes afirmou
que ela, seu pai, sua mãe e um
irmão viram a onda. Eles usaram uma canoa para chegar à
comunidade Costa da Águia -o
que conseguiram 20 minutos
depois que a onda desapareceu
no rio Amazonas. Eles encontraram os moradores da comunidade muito assustados. "Vimos uma onda muito grande,
uma coisa que nunca tinha visto na vida", afirmou.
O morador da Vila do Bentes
(na margem esquerda do rio
Amazonas) Marisson Garcia,
35, disse à Folha, por celular,
que estava dentro de uma embarcação no meio do rio quando viu a onda surgir. "Parecia
um prédio, crescendo a uma
velocidade imensa. Nossa embarcação não conseguiria nunca chegar [à comunidade] para
ajudar alguém, porque seríamos sugados pela onda."
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