DE SÃO PAULO

Em vez da música popular, a clássica. Em vez da conhecida figura do operário que virou presidente da República, a presença erudita de um pianista e maestro. Em vez da nudez explícita, fantasias dos pés à cabeça -de modo geral, mais comportadas.
Na primeira noite dos desfiles do Carnaval de São Paulo, um emocionado João Carlos Martins, músico homenageado pela aplaudida Vai-Vai, se tornou a principal atração do sambódromo.
O maestro de cabelos brancos trajado de fraque foi destaque do último carro da escola de samba, levantando a arquibancada ao simular a regência de uma orquestra.
O músico chorou durante e depois do desfile -no qual não faltou nem componentes com violino. "Fiz uma retrospectiva da minha vida. E vi que valeu muito a pena", disse Martins, que sofreu um acidente e problemas de saúde que restringiram a mobilidade de suas mãos.
Na Tom Maior, não passou da expectativa a vinda do ex-presidente Lula, homenageado em ala, fantasia e no samba da escola que contou a história de São Bernardo do Campo, no ABC paulista.
A presença do ex-líder sindical foi mantida sob mistério pela agremiação até a hora da apresentação. No carro reservado a Lula desfilaram Luiz Marinho, prefeito petista do município, ao lado do vice e cantor Frank Aguiar.
Um ingrediente popular da primeira noite do Carnaval ficou por conta do enredo da Acadêmicos do Tucuruvi, que exaltou a migração nordestina (foi até vítima de e-mails preconceituosos por isso) e levou triângulo, sanfona e forró para a avenida.
Também fizeram sucesso as referências à sorte (com alegoria até da Mega-Sena) no enredo da Rosas de Ouro, uma das favoritas, com carros que interagiam com a arquibancada, lançando serpentinas e biscoitos da sorte.
O sambódromo contou com a performance de musas como Sheila Mello, Juju Panicat, Ana Hickmann, Maria Rita e a ex-BBB Cacau.
Mas, com música clássica e personagens da Bíblia, mulheres nuas ou seminuas foram raridade -e as fantasias recatadas predominaram.


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