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Movido a café,
João Donato vara as madrugadas
DA REVISTA DA FOLHA
A madrugada foi feita
para músicos e pensadores". Rápido assim, o pianista e compositor acreano João Donato, 72, classifica o período em que se
sente mais disposto a trabalhar. Na beira-mar da
Urca, Rio, ao meio-dia de
uma quinta-feira, depois
de pagar contas no banco,
divaga sobre "recarregar
sua bateria ao sol", bateria
que certamente vai ser
usada até 4h ou 5h do dia
seguinte, horário em que
costuma ir dormir.
Donato não sofre de insônia, não é "daqueles que
ficam deitados, de olhos
colados na parede". "Tenho que aproveitar o momento em que todos vão
dormir para tocar e compor. Durante a noite, faz
mais silêncio."
Movido a café e água,
Donato vara madrugadas
ao piano. Ele adora:
"Quando está sozinho é
que você encontra o melhor que existe em você."
É assim também para
Luiz Paulo Baravelli, 64,
figurão do cenário paulistano das artes plásticas.
"Se preciso conversar
com alguém, converso
com meus livros, ouço música. Não faço muita questão de falar com pessoas",
afirma. "Pintores levam
vidas muito solitárias e auto-suficientes. São uns
chatos de galocha."
O horário de dormir é às
7h. O de acordar, às 15h.
"Às 20h, almoço; às 22h, já
estou no estúdio; às 2h,
janto. Todo dia é igual."
A casa dele, numa área
de 4.000 m2 na Granja Viana, é o ambiente ideal para
as figurações e abstrações
de seus quadros e esculturas. Um lugar isolado, para
acentuar a tranqüilidade
das madrugadas.
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