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Casa Modernista não reabre após obras
Estado gastou cerca de R$ 1 milhão no ano passado com reforma feita no imóvel histórico da zona sul de São Paulo
Antes do fim do restauro, administração da casa será transferida à prefeitura, que instalará no local um centro de estudos modernistas
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo do Estado de São
Paulo gastou cerca de R$ 1 milhão no ano passado para reformar a histórica Casa Modernista da Vila Mariana, na zona sul
de São Paulo, mas o local ainda
está fechado ao público.
O restauro da casa, tombada
pelo patrimônio histórico, não
foi sequer concluído. Na fachada ainda há sinais da obra: tapumes cobrem a arquitetura
projetada e construída entre
1927 e 1928 pelo arquiteto
ucraniano modernista Gregori
Warchavchik.
Agora, foi definida nova mudança de planos, mas sem prazo definido. A administração da
casa será transferida para a
prefeitura da capital paulista,
que concluirá a reforma para
instalar no local um centro de
estudos do período modernista
-que se iniciou no Brasil com a
Semana de Arte Moderna, no
ano de 1922.
A assessoria de imprensa da
Secretaria de Estado da Cultura informou que o restauro foi
iniciado porque a casa, de reconhecido valor histórico, estava
em situação precária, mas não
esclareceu por que a obra não
foi concluída.
Não foi a primeira vez que o
restauro do prédio começou e
não terminou. Em 2001, o governo do Estado de São Paulo
anunciou a obra. A casa transformou-se, depois, em oficina
cultural, e sua administração
foi transferida para uma ONG
(organização não-governamental). O imóvel está fechado
há pelo menos dois anos.
Em 2004, o então governador Geraldo Alckmin (PSDB)
reabriu o jardim da casa, formado por 13 mil m2 de árvores e
plantas tropicais, um verdadeiro parque encravado na Vila
Mariana. Agora, a prefeitura
anuncia que o jardim será reformado e reaberto, mas não
há data para que isso aconteça.
Tombada
A casa foi tombada em 1984
pelo Condephaat, o conselho
do patrimônio histórico estadual. Posteriormente, o Iphan
(Instituto do Patrimônio Histórico Nacional) e o Conpresp
(Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da
Cidade de São Paulo) reconheceram o tombamento.
O reconhecimento como patrimônio histórico se deu após
uma queda de braço entre os
herdeiros do casal Gregori
Warchavchik e Mina Klabin
-foi ela quem projetou o jardim- e moradores da região.
Os proprietários queriam
transferir o terreno para uma
construtora, que pretendia erguer quatro torres residenciais
no local. Os moradores protestaram -chegou a ser criada
uma Associação Pró-Parque
Modernista- e conseguiram o
tombamento. O negócio foi
desfeito, e o Estado acabou assumindo a área.
A importância histórica da
casa aponta para o arquiteto
autor da "obra" e para o período
de sua construção. O imóvel é
considerado a primeira casa em
estilo modernista do país.
Residência
O ucraniano Warchavchik
migrou para o Brasil em 1923,
aos 27 anos, após se formar em
arquitetura na Itália. Em 1927,
casou-se com Mina Klabin, que
vinha de uma família integrante da elite paulista.
O arquiteto, então, projetou a
casa na Vila Mariana para morar com a sua mulher. A casa foi
inaugurada em julho de 1928,
com destaque na imprensa da
época e protestos de moradores, que repudiavam a arquitetura de linhas modernas, paredes lisas e janelas horizontais.
Para garantir a sua privacidade,
o casal construiu um muro alto
em volta do terreno.
Warchavchik é autor dos
projetos dos clubes Paulistano,
Hebraica, Tietê e Pinheiros, em
São Paulo, e do Iate Clube de
Santos. Ele morreu em São
Paulo em julho de 1972.
Suas concepções arquitetônicas foram colocadas em prática à custa, às vezes, de um "jeitinho brasileiro". A prefeitura
não aprovava suas fachadas lisas. Para que os projetos fossem aprovados, ele fazia modificações, mas construía do jeito
que havia pensado originalmente. Para obter as licenças
para ocupação, o arquiteto dizia que a obra estava ainda inacabada por falta de recursos.
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