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Lei reduzirá número de assassinatos
da Reportagem Local
Há benefícios diretos e indiretos
decorrentes da proibição da venda
e da posse de armas e munição por
cidadãos comuns, na opinião dos
partidários da proposta.
Os efeitos diretos são uma maior
dificuldade para um criminoso obter armas e munições e uma queda
no número de homicídios.
Segundo Túlio Kahn, do Ilanud
(Instituto Latino-Americano das
Nações Unidas para a Prevenção
do Delito e Tratamento do Delinquente), a presença de uma arma
de fogo em um ambiente de conflito aumenta a chance de que alguém seja morto.
Mas há outros benefícios indiretos, "efeitos colaterais positivos",
na opinião de pesquisadores como
Sérgio Adorno, coordenador-adjunto do Núcleo de Estudos da
Violência da USP.
Para ele, o debate da segurança
vai deixar de ser individual para se
tornar comunitário. "Se não puderem recorrer às armas, as pessoas
vão ter de procurar soluções conjuntas para a violência", diz.
Na opinião dele, o limite às opções individuais deve fazer crescer
a cobrança sobre os órgãos de segurança pública e a Justiça.
Ressalvas
Mas, apesar de ser favorável à
proposta, Adorno vê limites aos
resultados da medida. Os crimes
contra o patrimônio, como roubos
e furtos, não devem ser muito afetados pela proibição.
"Uma coisa é clara: isso não vai
eliminar o crime. O que está em alvo fundamentalmente por aqui é o
crime fatal. O que eu acho mais importante é preservar a vida dos cidadãos que estão morrendo nas
circunstâncias mais diversas em
conflitos com arma de fogo."
Para os roubos e furtos, diz ele, a
solução está em políticas públicas
de segurança que devem envolver
a sociedade. "Vamos ter de melhorar a qualidade das investigações
policiais, para que dêem ao Ministério Público e à Justiça condições
de condenar."
Mas isso passa, diz ele, por uma
mudança de postura dos cidadãos.
"A fiscalização do porte de arma
passa a ser muito mais fácil, e a população tem de denunciar", diz.
Para Kahn, a lei é até severa demais, porque prevê prisão inafiançável para quem for flagrado com
uma arma. "Muita gente tem arma
e não comete crimes. Esses não vão
devolver e, no entanto, serão criminosos de agora em diante."
A legalidade da proposta, atacada pelos opositores da idéia, não
preocupa o advogado especializado em direito constitucional Ives
Gandra Martins.
Para ele, não há conflito entre o
projeto e a Constituição. "Acho difícil que a Justiça reforme a lei",
disse ele, sobre eventuais ações.
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