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VISÃO POLICIAL
Coronel afirma que nem segurança privada, como de bancos ou empresas, deveria poder portar armas
Chefe da PM quer proibição mais rígida
ANDRÉ LOZANO
da Reportagem Local
O comandante-geral da Polícia Militar de
São Paulo, coronel Rui César
Melo, apóia a
iniciativa do governo federal de
proibir a venda de armas de fogo e
vai mais longe: acha que a limitação deveria atingir também vigilantes particulares, como os de
bancos e os de empresas.
Pela proposta encaminhada pelo
Ministério da Justiça ao Congresso, é consentida a venda de armas e
de munição para empresas de segurança privada.
O coronel Melo afirma que a lei,
caso seja aprovada, só será eficaz
se houver uma ação conjunta das
Forças Armadas, da Polícia Federal e das polícias estaduais no combate ao contrabando de armas.
Mas ele acha que o projeto pecou
ao não prever exceção para os praticantes de tiro. A seguir, os principais trechos da entrevista com o
coronel Rui César Melo.
Folha - O senhor é favorável à
proposta de proibição de venda de
armas de fogo no Brasil?
Coronel Rui César Melo - Como
polícia, a gente entende que qualquer iniciativa no sentido de coibir
o uso de armas é positiva. O projeto é bom. É mais um estímulo para
diminuir esse grau exacerbado de
violência na nossa sociedade.
Folha - A lei poderia ser mais ou
menos abrangente?
Melo - A lei, na verdade, não deveria permitir (a venda de armas
de fogo) a guardas particulares. O
guarda bancário, por exemplo,
não precisa ter uma arma. Até porque hoje todos os guardas bancários são instruídos a não atirar
dentro do banco. Seria mais inteligente que ele estivesse à paisana e
que, em vez de estar armado com
revólver, estivesse armado com celular. Ele poderia acionar a polícia.
Folha - O senhor acredita que a
lei poderá estimular o contrabando de armas?
Melo - Se você proibir a venda de
armas de fogo, você fecha uma torneira, que é a da venda de arma regular no mercado interno. Aí vem
a outra parte, o contrabando, que é
uma coisa que tem de ser combatida a todo tempo. No entanto, a
maior parte das armas apanhadas
com bandidos é furtada ou roubada, não contrabandeada.
Folha - E como fazer isso?
Melo - Deverá haver um esforço
maior das autoridades responsáveis pelas fronteiras e pela segurança nos portos e aeroportos. No
caso, a Polícia Federal e até mesmo
as Forças Armadas. As Forças Armadas estão disponíveis para auxiliar a PF, que tem pouco efetivo.
Tem de haver esforços coordenados, até para que não se tenha perda de energia no sistema.
Folha - Que ponto da proposta
poderia ser aperfeiçoado?
Melo - Ela deveria fazer uma ressalva para as pessoas que se dedicam ao esporte olímpico de tiro ao
alvo. A lei deveria prever essa exceção.
Folha - Para complementar a renda, muitos policiais militares fazem bico de segurança utilizando
uma arma particular. O senhor
acha que a proibição da venda de
armas implicará a redução dos bicos, uma vez que os PMs não poderão mais adquirir armas próprias?
Melo - Não acredito que a lei possa diminuir a prática do bico. Ela
(prática do bico) será encurtada
substancialmente a partir do momento em que o policial tiver um
salário melhor para poder se sustentar e sustentar sua família. No
momento em que tiver salário, o
bico deixará de ser relevante, não
digo que ele acabará totalmente.
Mas quero deixar bem claro que o
bico continua sendo uma atividade proibida.
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