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FAZENDEIROS
"Governo esquece que há área rural no país"
RUBENS VALENTE
da Agência Folha, em Campo Grande
Representantes dos fazendeiros
de Mato Grosso do Sul reivindicam
a possibilidade de continuar usando armas de fogo na defesa contra
ataque de animais, principalmente
de onças na região do Pantanal.
O presidente da Federação da
Agricultura do MS, que congrega
os 59 sindicatos rurais do Estado,
José Armando Amado, disse que o
governo "está fazendo uma lei urbana e esquece que há zona rural
no país".
Amado afirmou que o desarmamento "é um absurdo", porque o
campo ficaria "vulnerável aos ataques de animais e quadrilheiros".
O presidente do Sindicato Rural
de Corumbá (MS), Luiz Alberto
Victório, disse que, com o projeto
de lei, o governo demonstra que
"só enxerga os problemas dos
grandes centros urbanos".
Ele afirmou ver "boa intenção"
do governo ao tentar conter a violência, mas acredita que a zona rural deveria ter uma legislação específica. "O índice de violência é praticamente zero no Pantanal. As
mortes que ocorrem são a faca, em
briga de peões", disse.
Segundo Victório, o ataque de
onças ao rebanho no Pantanal agora está "bem reduzido". A última
onda de ataques durou três anos,
atingiu o auge em 1997 e teria sido
causada pelo desmatamento na
Bolívia. Com a destruição da floresta, as onças teriam fugido para o
lado brasileiro, atacando o gado.
Mesmo com a redução, no último dia 18 o fazendeiro José Brum
Acosta, 70, foi atacado por uma
onça-pintada em sua propriedade
no Pantanal. Acosta foi mordido
no joelho, rosto, braços e mão, mas
foi salvo por cães da fazenda, que
afugentaram o animal.
O biólogo Alcides Faria, da organização não-governamental Ecoa
(Ecologia e Ação), disse que a onça
pode ser capturada com armadilhas, sem a necessidade de abate.
"Os ataques de onças são raros.
Não conheço nenhum caso recente
de morte humana provocada por
onça", disse o biólogo.
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