São Paulo, Domingo, 06 de Junho de 1999
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FAZENDEIROS

"Governo esquece que há área rural no país"

RUBENS VALENTE
da Agência Folha, em Campo Grande

Representantes dos fazendeiros de Mato Grosso do Sul reivindicam a possibilidade de continuar usando armas de fogo na defesa contra ataque de animais, principalmente de onças na região do Pantanal.
O presidente da Federação da Agricultura do MS, que congrega os 59 sindicatos rurais do Estado, José Armando Amado, disse que o governo "está fazendo uma lei urbana e esquece que há zona rural no país".
Amado afirmou que o desarmamento "é um absurdo", porque o campo ficaria "vulnerável aos ataques de animais e quadrilheiros".
O presidente do Sindicato Rural de Corumbá (MS), Luiz Alberto Victório, disse que, com o projeto de lei, o governo demonstra que "só enxerga os problemas dos grandes centros urbanos".
Ele afirmou ver "boa intenção" do governo ao tentar conter a violência, mas acredita que a zona rural deveria ter uma legislação específica. "O índice de violência é praticamente zero no Pantanal. As mortes que ocorrem são a faca, em briga de peões", disse.
Segundo Victório, o ataque de onças ao rebanho no Pantanal agora está "bem reduzido". A última onda de ataques durou três anos, atingiu o auge em 1997 e teria sido causada pelo desmatamento na Bolívia. Com a destruição da floresta, as onças teriam fugido para o lado brasileiro, atacando o gado.
Mesmo com a redução, no último dia 18 o fazendeiro José Brum Acosta, 70, foi atacado por uma onça-pintada em sua propriedade no Pantanal. Acosta foi mordido no joelho, rosto, braços e mão, mas foi salvo por cães da fazenda, que afugentaram o animal.
O biólogo Alcides Faria, da organização não-governamental Ecoa (Ecologia e Ação), disse que a onça pode ser capturada com armadilhas, sem a necessidade de abate. "Os ataques de onças são raros. Não conheço nenhum caso recente de morte humana provocada por onça", disse o biólogo.


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