São Paulo, Domingo, 06 de Junho de 1999
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EFEITO
Lei que veta a venda de armas em todo o Estado entra em vigor amanhã e causa crescimento de 20% nas vendas
Proibição causa corrida às lojas no Rio

da Sucursal do Rio

A proibição da venda de armas de fogo no Estado do Rio provocou uma corrida às lojas especializadas, levando a um aumento de pelo 20% nas vendas às vésperas da sanção da lei.
A estimativa foi feita pela ANPCA (Associação Nacional dos Proprietários e Comerciantes de Armas de Fogo).
Sancionada na sexta-feira pelo governador Anthony Garotinho (PDT), a nova legislação que proíbe o comércio de armas de fogo, acessórios, munições e afins em todo o Estado, deve entrar em vigor amanhã, após ser publicada no "Diário Oficial".
Segundo Garotinho, a fiscalização será normatizada pela Secretaria Estadual de Segurança Pública na próxima semana.
Com a nova lei, apenas forças de segurança (Polícias Civil e Militar, bombeiros, Forças Armadas e firmas de segurança) poderão comprar armas de fogo legalmente.
Quem descumprir a lei, estará sujeito a multas que vão de R$ 10 mil e R$ 50 mil, além de interdição do estabelecimento em caso de reincidência.
"As vendas vão cair em 40%", diz Kilder Alvim, 38, proprietário da Guns and Security, loja com três filiais no Estado do Rio.
Segundo Alvim, a perda de clientes tradicionais como empresários, médicos, comerciantes e juizes, vai levar à demissão de metade dos 36 funcionários.
Para Frederico Pedrosa Monteiro, 37, relações públicas da ANPCA, o Rio deverá perder cerca de 4.000 empregos diretos e indiretos. Monteiro diz que a proibição estimulará o mercado negro, aumentando o descontrole.
A Secretaria de Segurança Pública do Rio estima que há 1,3 milhão de armas no Estado, sendo 800 mil ilegais.
"Os bandidos assaltam o cidadão que tem uma arma, roubam, matam e ainda ficam com a arma", diz o deputado estadual Carlos Minc (PT), co-autor do projeto de lei proibindo o comércio de armas.
No Rio, há 18 lojas especializadas na venda de armas de fogo, com cerca de 400 pessoas empregadas, segundo Minc.
Campanha
Segundo o antropólogo Rubem César Fernandes, 56, coordenador da organização não-governamental Viva Rio, idealizadora da campanha "Rio, abaixe essa arma", o movimento já arrecadou cerca de 300 mil assinaturas pedindo a aprovação do projeto de lei que proíbe o comércio de armas e munições no país, enviada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso ao Congresso.
O ministro Renan Calheiros (Justiça) diz que o projeto deve ser votado dentro de um mês.
Calheiros esteve no Rio na sexta-feira e participou da solenidade no Palácio Guanabara na qual o governador do Rio sancionou a nova legislação estadual.


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