da Reportagem Local

"Meditação, praticar durante uma hora, três vezes por semana." A partir de amanhã, prescrição desse tipo poderá constar dos receituários de um grupo de médicos do Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM), de São Paulo.
O hospital inaugura amanhã um espaço reservado e decorado para a meditação. Médicos treinados estarão disponíveis para orientar os "meditadores" em cinco sessões, de manhã à noite.
Duas vezes por semana, monjas budistas do templo Zu Lai, de Cotia, conduzirão as meditações recitando mantras, à meia luz. A experiência é inédita em hospitais brasileiros, mas já é adotada em instituições norte-americanas.
A iniciativa aqui é do Serviço de Medicina Tradicional Chinesa do HSPM, criado há dez anos e conhecido pelo seu ambulatório de acupuntura.
A equipe está ganhando amanhã um espaço maior, onde atenderá 48 mil pacientes por ano, quatro vezes mais do que vinha atendendo normalmente.
"A fila de espera para novos pacientes de acupuntura chegava a um ano", diz Norvan Martino Leite, responsável pelo serviço.
A sala de meditação, com 40 lugares, fica no 9º andar do hospital e terá almofadas para os pacientes se sentarem com as pernas cruzadas. Segue o mesmo modelo da clínica Ipraphema, instalada nos Jardins e dirigida pelo médico e guru Jou Eel Jia, que faz parte da Academia de Ciências Médicas da China.
Foi um acordo entre a Prefeitura de São Paulo e o Ministério da Saúde da China, em 1989, que deu início ao Serviço de Medicina Tradicional Chinesa do HSPM.
O mesmo espaço usado para meditação será utilizado no futuro para a prática do tai-chi-chuan.
"Estamos seguindo uma tendência já adotada por grande centros médicos mundiais", diz o médico Antonio Carlos de Sá, superintendente do hospital.
"A medicina chinesa é a da saúde. A ocidental é a da doença. As duas se complementam", diz. Com uma vantagem: a medicina chinesa é muito barata.
A meditação que será praticada no Servidor Municipal, chamada deCh'an, é menos rígida que a Zen.
A Ch'an começou na Índia e mais tarde foi absorvida pelos chineses, sofrendo a influência do confucionismo.