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Abadía e Beira-Mar voltam a prisão federal
Os dois traficantes, que cumprem pena em Campo Grande (MS), prestaram depoimento à Polícia Federal
RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após passar a madrugada
prestando depoimento na sede
da Polícia Federal em Campo
Grande (MS) sobre a acusação
de formação de quadrilha para
supostamente tramar seqüestros de autoridades, emboscadas durante transferências de
presos e ataques a unidades
prisionais, o traficante brasileiro Fernandinho Beira-Mar e o
colombiano Juan Carlos Abadía voltaram ontem no início
da manhã para a Penitenciária
Federal de Campo Grande,
considerada pelo governo a
mais segura do país.
Em operação deflagrada anteontem, a PF deteve oito pessoas, das quais quatro cumprem pena na penitenciária federal -os dois traficantes e
mais os detentos José Reinaldo
Girotti, considerado o mentor
do assalto ao Banco Central em
Fortaleza (CE), e João Paulo
Barbosa, acusado de integrar a
facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
Também foram presos na
operação e ouvidos ontem o advogado de Girotti, Vladimir
Búlgaro, a ex-mulher de Beira-Mar, Ivana Pereira de Sá, e
Leandro Oliveira dos Santos e
Leonice de Oliveira, que são parentes de Barbosa.
Segundo a Polícia Federal, os
oito detidos serão indiciados
sob a acusação de extorsão de
dinheiro, formação de quadrilha e seqüestro.
Informante
O senador Magno Malta (PR-ES) convocou ontem uma entrevista e apresentou, no Senado, um homem encapuzado
que disse aos jornalistas que o
plano da suposta quadrilha formada por Abadía e Beira-Mar
seria seqüestrar familiares de
"seis a sete autoridades" para
obter, em troca, a libertação de
membros de seu grupo.
Malta disse ter sido procurado pelo homem, a quem chamou de "senhor X", após a operação da Polícia Federal. O senador disse ter conhecido o informante, que foi ligado ao crime organizado, quando este
testemunhou nas CPIs do Roubo de Cargas (2000) e do Narcotráfico (2006).
O encapuzado declarou aos
jornalistas ter sido informado
sobre o suposto plano de seqüestro ao procurar a irmã de
Beira-Mar, Alessandra -para
buscar notícias sobre uma integrante da quadrilha.
Segundo o encapuzado, a irmã de Beira-Mar teria lhe contado sobre o plano de seqüestro, que incluiria o filho de
Magno Malta e outras autoridades. O informante disse
achar que a irmã de Beira-Mar
queria mandar um recado para
o senador Malta ou teria ficado
nervosa e falado demais.
A Folha apurou que a Polícia
Federal trabalhou com a informação de que os criminosos diziam planejar o seqüestro de
um filho do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, da ex-presidente do Supremo Tribunal
Federal Ellen Gracie e de uma
das filhas do ministro Tarso
Genro (Justiça).
A PF informou ao presidente
Lula, na virada de 2007 para
2008, que Abadía teria um plano para seqüestrar um de seus
filhos. Desde então, houve reforço na segurança dos cinco filhos do presidente. Oficialmente, a Presidência, a Polícia
Federal e o Ministério da Justiça não fizeram comentários.
Segundo o Palácio do Planalto, não foi dada publicidade à
suspeita para não atrapalhar a
investigação da PF, conduzida
pela Diretoria de Inteligência.
Depois disso, teria chegado
ao Planalto a informação de
que uma das duas filhas de Tarso e a filha de Ellen Gracie poderiam ser alvos dos criminosos também.
A Folha apurou que a ministra Ellen Gracie teria recebido,
há dois meses, um alerta sobre
o suposto plano criminoso e teria passado a andar com segurança reforçada. Gracie não
quis comentar o caso ontem.
A juíza federal Raquel Corniglion, de Mato Grosso do Sul,
decretou o sigilo do caso.
O diretor do sistema penitenciário federal, Wilson Damázio, descartou a possibilidade de ter havido contato direto
entre Beira-Mar e Abadía na
penitenciária de Campo Grande. "Não tenho dúvida de que o
contato era por meio de advogados e visitas."
O advogado Luis Gustavo Bataglin, único defensor de Abadía no país e que representa
Beira-Mar em dois processos,
negou que tenha intermediado
contatos entre os dois.
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