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Governo de SP diz que lei trará gasto e forçará cortes em reformas de escolas
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A secretária estadual da Educação de São Paulo, Maria Helena Guimarães de Castro, afirma que a lei trará um gasto adicional equivalente a 10% do orçamento da pasta, montante
que terá de ser retirado de outros projetos, como reforma de
escolas ou incorporação de gratificação aos professores.
O gasto adicional de R$ 1,4 bilhão ao ano teria de ser feito
com a contratação de professores ou aumento da jornada dos
docentes, para atender à determinação de que os educadores
dediquem ao menos 33% de
suas jornadas a atividades extraclasse. Hoje, em São Paulo, a
porcentagem é de 20%.
De acordo com o governo
paulista, a fixação do piso salarial docente em R$ 950 não traz
impacto na rede, pois o mínimo
pago no Estado é 37% maior
que esse valor.
A Secretaria da Educação do
governador José Serra (PSDB)
foi uma das primeiras redes a
apresentar o cálculo do impacto da lei do piso salarial, há duas
semanas. Procurada ontem, a
pasta informou que não se pronunciaria porque o ministro da
Educação, Fernando Haddad,
não citou especificamente o
Estado de São Paulo.
No final do mês passado, Maria Helena disse considerar
"importante" que os professores tenham mais tempo para
atividades extraclasse (para
preparação de aulas, correção
de provas, entre outras atividades), mas "o problema é como
fazer isso" até o ano que vem. A
lei que estabeleceu o piso salarial e a nova jornada não prevê
período para adaptação. Assim,
os gestores entendem que a
mudança vale já para 2009.
Além de criticar o impacto financeiro da nova lei, Maria Helena questionou também a legalidade do dispositivo.
"Não faz nenhum sentido,
em um regime federativo, ter
uma lei federal que regulamente as carreiras estaduais e municipais. Quem oferece educação básica são os Estados e os
municípios", disse.
Negociação
Maria Auxiliadora Seabra,
presidente do Consed (Conselho Nacional de Secretários de
Educação) e secretária da Educação de Tocantins, diz ser a favor do piso para os professores,
mas contra os artigos incluídos
depois na lei, como o que estabelece que um terço da jornada
do professor terá de ser dedicada a atividades extraclasse.
Por isso, ela diz preferir tentar mudar a legislação em uma
negociação com o Congresso
ou com o MEC a entrar com
uma Adin (ação direta de inconstitucionalidade) no Supremo Tribunal Federal. "A Adin
vai dar desculpa para quem não
quer nem pagar o piso", diz.
Seabra defende também uma
maior colaboração da União
para ajudar os Estados a pagarem o piso -hoje, apenas nove
unidades da federação pobres
recebem complementação da
União via Fundeb (fundo para a
educação básica).
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