São Paulo, quarta-feira, 06 de setembro de 2000

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Diretora era tida como linha-dura

DA SUCURSAL DO RIO

No cargo havia seis anos, Sidneya Santos de Jesus era considerada por detentos e agentes penitenciários uma diretora linha-dura e já havia comentado que recebia ameaças de morte havia pelo menos dois meses.
Em agosto, ela vetou a transferência de Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê, para um presídio de segurança intermediária.
A transferência fora autorizada pela Justiça, mas a avaliação da diretora do Bangu 1 foi decisiva para impedir a mudança.
Sidneya ordenou que a revista nas celas fosse mais rigorosa e cortou privilégios dos presos, o que aumentou o clima de tensão na penitenciária. A ordem também contrariou os agentes penitenciários, que estariam cobrando dinheiro dos presos pelas regalias, como entrada de armas.
Sidneya determinou que houvesse mais fiscalização sobre os advogados em visita aos clientes.
Quando a CPI do Narcotráfico esteve em Bangu 1, no semestre passado, a diretora falou do grande número de advogados cadastrados pelos presos e da frequência das visitas. Uê tinha 24 advogados. Márcio Nepomuceno, o Marcinho VP, do complexo do Alemão, 23. Denir Leandro da Silva, o Dênis da Rocinha, 21. Alguns presos receberam à época visitas por 14 dias consecutivos.
"Ela me disse que estava recebendo ameaças, mas não foi muito clara a respeito, não disse de quem eram essas ameaças", afirmou o padre Bruno Trombetta, coordenador da Pastoral Penal da Arquidiocese do Rio de Janeiro.
Trombetta disse que conversou com a diretora sobre as reclamações dos presos, como a violação de correspondência e o fato de os detentos não poderem trabalhar nem estudar. "Acho que ela se sentia espremida entre as pressões dos governos, dos presos e dos agentes", afirmou o padre.
A diretora do Bangu 1 morava na Ilha do Governador, com o pai e o filho adolescente. Sidneya começou na carreira como agente penitenciária. (FE e ST)


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