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SEGURANÇA
Astério Pereira dos Santos pode influir na indicação
Aliado de secretário é cotado para assumir cargo de corregedor no Rio
DA SUCURSAL DO RIO
O promotor Aldney Peixoto,
subsecretário estadual de Administração Penitenciária, é o mais
cotado para assumir a Corregedoria Geral Unificada em substituição a João Luiz Duboc Pinaud,
que foi exonerado anteontem do
cargo de secretário de Direitos
Humanos pela governadora Rosinha Matheus (PMDB). Ele acumulava as duas funções.
Segundo nota oficial do governo, Pinaud foi destituído do cargo
após afirmar que "estava perdendo para o time da tortura". A declaração decorreu da decisão da
governadora de retirar a corregedoria de sua pasta.
Caso se confirme a indicação de
Peixoto, o secretário de Administração Penitenciária, Astério Pereira dos Santos, desafeto de Pinaud, sai fortalecido do episódio.
Os dois se tornaram inimigos em
setembro, após a morte do comerciante sino-brasileiro Chan
Kim Chang, após tortura sofrida
no presídio Ary Franco (Água
Santa, zona norte).
À Folha, Santos disse apoiar a
ida do auxiliar para a corregedoria. "É uma grande escolha. Ele
[Peixoto] marcou a corregedoria." Peixoto foi corregedor no governo de Benedita da Silva (abril a
dezembro de 2002).
O novo secretário de Direitos
Humanos será o coronel PM Jorge da Silva, que dirige o ISP (Instituto de Segurança Pública). Silva
informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que não falaria
ontem com jornalistas.
Pinaud atribuiu sua saída aos
atritos com Santos. Ele disse que o
secretário de Administração Penitenciária dificultou as investigações do caso Chan ao tentar impedir a apuração da corregedoria.
Chan entrou no Ary Franco em 25
de agosto. Ele morreu no dia 4 de
setembro, no Hospital Salgado Filho, onde chagara em coma.
"Astério tentou encobrir o que
houve. Ele passou a me ver como
um inimigo, opositor e invasor."
Santos afirmou que vai à Justiça
contra Pinaud. Segundo o secretário, Pinaud declarou que ele teria defendido a versão apresentada inicialmente por agentes penitenciários de que Chan teria se autolesionado. "Quero que ele prove
quando eu falei isso", afirmou.
Embora negue que tenha defendido a versão dos agentes, Santos
só os afastou do serviço no presídio um dia após Pinaud ter apresentado um laudo que comprovara as torturas sofridas pelo preso.
O secretário afirmou não admitir a tortura e disse que, em sua
gestão, ocorreram menos mortes
violentas nos presídios do que no
período em que Pinaud foi secretário de Justiça, de 2000 a 2001.
Santos também rebateu as acusações de que teria atrapalhado as
investigações. "Eu autorizei que
ele [Pinaud] entrasse no presídio.
Em uma única visita, ele resolveu
o problema dele", disse.
Pinaud foi o representante do
governo na investigação sobre a
morte de quatro jovens no morro
do Borel (zona norte), em 6 de
abril. As vítimas não eram traficantes, ao contrário do que sustentava a polícia inicialmente.
O ministro da Justiça, Márcio
Thomaz Bastos, disse lamentar a
saída de Pinaud. "Sua saída é uma
perda para qualquer organização
em que esteja", declarou.
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