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"Agendo os compromissos de acordo com os horários dos tiroteios", diz moradora
DA SUCURSAL DO RIO
Estudante do classe de alfabetização do colégio Pequeno
Príncipe, na Penha, Vitor Hugo
Hugo Fernandes, 7, tinha prova
marcada para ontem.
Durante a noite de terça-feira estudou ao lado da avó, Márcia Fernandes Lima, 52, supervisora de marketing desempregada. Mas a operação policial
na região impediu que o menino fizesse a prova. Em razão do
tiroteio, o colégio suspendeu as
aulas.
"Estudei tanto com a minha
avó. Ela botou tanta coisa na
minha cabeça para nada. Não
pude fazer a prova", lamentou o
menino, frustrado.
De acordo com a avó de Vitor
Hugo, o estudante fica sem aulas constantemente.
"Pagamos R$150,00 por mês
para toda semana ele deixar de
ir à escola pelo menos uma vez
por causa da violência. Moro na
Penha há nove anos e o bairro
era bom. Mas depois de maio
deste ano, com essas operações
policiais praticamente diárias,
a Penha ficou insustentável.
Acabaram com o bairro", afirmou, indignada.
A supervisora de marketing
também disse que desde maio
perdeu o direito de ir e vir.
"Está na Constituição, mas
não vale para nós, moradores
do local. Hoje, agendo meus
compromissos de acordo
com os horários dos tiroteios",
protestou.
Márcia Fernandes disse ainda que não é contra as operações policiais, mas que elas precisam de mais planejamento.
"É preciso mais inteligência
da parte da polícia. Tem que entrar no morro, fazer valer os direitos, mas não no horário escolar. Aí fica difícil. Crianças
podem morrer."
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