São Paulo, quinta-feira, 06 de dezembro de 2007

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"Agendo os compromissos de acordo com os horários dos tiroteios", diz moradora

DA SUCURSAL DO RIO

Estudante do classe de alfabetização do colégio Pequeno Príncipe, na Penha, Vitor Hugo Hugo Fernandes, 7, tinha prova marcada para ontem.
Durante a noite de terça-feira estudou ao lado da avó, Márcia Fernandes Lima, 52, supervisora de marketing desempregada. Mas a operação policial na região impediu que o menino fizesse a prova. Em razão do tiroteio, o colégio suspendeu as aulas.
"Estudei tanto com a minha avó. Ela botou tanta coisa na minha cabeça para nada. Não pude fazer a prova", lamentou o menino, frustrado.
De acordo com a avó de Vitor Hugo, o estudante fica sem aulas constantemente.
"Pagamos R$150,00 por mês para toda semana ele deixar de ir à escola pelo menos uma vez por causa da violência. Moro na Penha há nove anos e o bairro era bom. Mas depois de maio deste ano, com essas operações policiais praticamente diárias, a Penha ficou insustentável. Acabaram com o bairro", afirmou, indignada.
A supervisora de marketing também disse que desde maio perdeu o direito de ir e vir.
"Está na Constituição, mas não vale para nós, moradores do local. Hoje, agendo meus compromissos de acordo com os horários dos tiroteios", protestou.
Márcia Fernandes disse ainda que não é contra as operações policiais, mas que elas precisam de mais planejamento.
"É preciso mais inteligência da parte da polícia. Tem que entrar no morro, fazer valer os direitos, mas não no horário escolar. Aí fica difícil. Crianças podem morrer."


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