São Paulo, quarta-feira, 07 de janeiro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

EDUCAÇÃO

Segundo órgão do MEC, há 6.641 lugares sem ocupação em cursos de universidades públicas destinados a educadores

Sobram vagas para formar professores

LUIS RENATO STRAUSS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

No ensino superior público, 53,1% das vagas ociosas são para a formação de professores. De acordo com o Inep (Instituto Nacional de Estatísticas e Pesquisas Educacionais), em 2002, das 12.506 vagas não preenchidas, 6.641 são da área de educação -os cursos normal superior, de licenciatura e de pedagogia.
Os dados foram calculados pela primeira vez levando em conta a diferença entre o número de vagas ofertadas no vestibular e a quantidade de ingressantes.
As informações, tabuladas conforme convenção internacional, são baseadas no Censo da Educação Superior, cujos resultados iniciais foram divulgados em outubro. O Inep calcula que a rede de ensino do país tem uma demanda de 250 mil docentes.
Para José Marcelino de Rezende Pinto, diretor do Inep, um dos principais fatores é o baixo salário. "O setor não é competitivo. Em 2001, na média do país, um professor ganhava R$ 866, um policial civil recebia R$ 1.510, um economista, R$ 2.254, um advogado, R$ 2.497, um médico, R$ 2.973, e um juiz, R$ 8.321."
Além disso, ele aponta que, no setor público, é na área de educação que são oferecidas mais vagas. São 154 mil ao ano só em licenciatura no país, comparadas a 15 mil em administração e 12 mil em direito. "Maior a oferta, menor a relação candidato/vaga, podendo, em alguns casos, sobrar vagas."
Finalmente, segundo Rezende Pinto, nem sempre as vagas são oferecidas em regiões onde estão as demandas. "Não basta que o curso seja gratuito. Se uma pessoa do interior tem de fazer um curso na capital, talvez desista, pois terá outras despesas, como alimentação e moradia."
Na rede pública, 5% das vagas estão sem ocupantes. Na particular, 37,5%. A maior ociosidade está em ciências sociais, negócios e direito -216.236 (44,8%) das 482.507 matrículas não preenchidas no vestibular.
Segundo Carlos Monteiro, presidente do Grupo CM de Consultoria Educacional, cursos como os de direito e de administração são baratos para serem implementados, mas possuem mensalidades altas, que ficam, em geral, entre R$ 400 e R$ 600. A possibilidade de lucro com esses cursos estimula as instituições a ampliarem o número de vagas -hoje, cerca de 25% dos graduandos cursam direito ou administração.
No entanto a necessidade de cursos novos para estudantes das classes A e B já foi suprida. As classes C e D, cuja demanda reprimida é estimada em 3 milhões de alunos, não conseguem pagar as mensalidades e, portanto, não preenchem essas vagas.


Texto Anterior: Trânsito segue tranquilo perto da Rebouças
Próximo Texto: Câmara limita número de alunos por sala de aula
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.