LUÍSA BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL

O relógio que fica na fachada do estádio do Pacaembu, em São Paulo, além de marcar a hora, servia também como espaço para propaganda há quase um ano. No lugar onde em geral são estampadas as marcas dos relógios, havia um logotipo da empresa de telefonia celular Vivo.
O estádio, além de ser um imóvel público, é tombado pelo Conpresp (conselho municipal de preservação do patrimônio histórico). Para instalar publicidade no local, é preciso ter o aval do órgão. Segundo o Conpresp essa autorização não foi expedida.
Após ser consultada sobre a irregularidade pela Folha, a prefeitura retirou ontem o logotipo da Vivo. Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Esportes, o problema é investigado numa auditoria que a prefeitura está fazendo para apurar denúncias relativas ao estádio.
A auditoria, prevista para ser finalizada em dezembro passado, foi prorrogada até março. De acordo com a assessoria, não há documento que autoriza a Vivo a colocar o nome no relógio.
Já a empresa diz que recebeu permissão para fixar o logotipo no local como contrapartida por ter patrocinado a reforma do salão nobre do estádio no primeiro trimestre do ano passado. A Vivo não quis divulgar quanto custou a obra. A secretaria disse também não saber o valor.
Segundo a assessoria de imprensa da Vivo, a autorização é válida até 2009. A empresa diz não ter sido notificada sobre a retirada da propaganda.
Para Asunción Blanco, diretora da associação Viva Pacaembu por São Paulo, a publicidade é abusiva porque foi colocada um bem público tombado. "Não se pode dar privilégio numa área pública a ninguém", afirmou. Para o advogado José Nabuco, morador do bairro há 20 anos, o logotipo posto no relógio "desfigura" o patrimônio da cidade.


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