São Paulo, quarta-feira, 07 de fevereiro de 2001

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Médico é acusado de ser mandante de sequestro

RONALDO SOARES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

O geriatra Décio Basso, 42, foi preso ontem, em Maringá (norte do Paraná), acusado de ser o mandante do sequestro da estudante Marta Chamas, 17, filha de outro médico da cidade, o pediatra Kemel Jorge Chammas, 60.
A estudante permaneceu em poder de sequestradores durante quatro dias e foi libertada ontem.
Seu cativeiro era uma construção nos fundos da casa de Basso, onde a vítima disse ter permanecido a maior parte do tempo acorrentada a um botijão de gás.
O caso começou a ser desvendado quando a polícia prendeu, na madrugada de ontem, Levino Carlos Augusto, 41, em uma localidade a 60 quilômetros de Maringá. Ele confessou participação no sequestro e apontou Basso como mandante do crime.
Ao chegar ao local do cativeiro, a polícia descobriu que a estudante acabara de ser retirada da casa e que estaria prestes a ser libertada mediante pagamento de resgate -inicialmente, os sequestradores exigiam US$ 150 mil, mas acabaram aceitando os R$ 100 mil oferecidos pela família.
A prisão de Basso possibilitou a identificação do local para onde a estudante havia sido levada -um matagal à beira de uma estrada.
A estudante foi libertada antes de a família pagar o resgate. Ela estava em poder do sequestrador Luiz Carlos de Jesus da Rocha Silva, 20, que conseguiu fugir, mas foi preso horas depois.
Silva também apontou Basso como mentor do sequestro. A polícia procura um quarto participante do crime.
Marta Chammas foi sequestrada na noite de sexta-feira, quando dois homens armados invadiram a casa de Kemel Chammas.
O médico, sua mulher, Neiva, e quatro filhos do casal foram amordaçados, agredidos com socos e sedados com soníferos. Os criminosos fugiram no carro do pediatra, levando Marta.
Em depoimento à polícia, o geriatra Décio Basso confessou que contratou homens para irem à casa de Chamas "apenas para dar um susto" no médico.
Segundo Basso, sua intenção era se vingar de um processo a que responde no CRM (Conselho Regional de Medicina) de Maringá, presidido por Chammas. O geriatra alegou que não esperava que o caso tivesse "esse desfecho" (o sequestro).
Em entrevista a rádio CBN, o médico mudou sua versão e disse que sua intenção era cobrar de Chammas uma suposta dívida de R$ 50 mil -o pediatra nega que devesse dinheiro a Basso.
Os acusados podem ser condenados a até 30 anos de prisão.


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