São Paulo, domingo, 07 de março de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Crise de 29 pôs fim à vanguarda interiorana

FREE-LANCE PARA A FOLHA RIBEIRÃO

O "eldorado" da cultura no interior do Estado começou a ruir com a quebra da bolsa de Nova York, em 1929. Para o historiador José Evaldo de Mello Doin, o ex-presidente Getúlio Vargas (1883-1954, cujo primeiro governo foi de 1930 a 45) foi um dos responsáveis pelo fim da vanguarda caipira.
Doin diz que o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) de Vargas rotulou o interiorano como "matuto". Para o professor, o declínio cultural não representou necessariamente prejuízo financeiro.
Rodrigo Ribeiro Paziani, co-autor do livro "Belle Époque Caipira". não acredita em decadência. "Houve um processo violento", afirma, em relação à mudança do perfil econômico nacional -da dependência financeira do café à industrialização.
O professor de história econômica Flávio Saes, da FEA (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade) da USP, aponta uma mudança no modo de vida dos fazendeiros do período cafeeiro a partir da década de 1930. "Ocorreu um fenômeno interessante, porque o café já não dava lucro suficiente e eles dividiam as terras, para vendê-las em partes menores", diz Saes.
"A quebra da Bolsa [dos EUA] mostrou os riscos de uma economia assentada em um único grão", explica Esmeralda Blanco Moura, também da USP. Ribeirão Preto, por exemplo, passou a produzir ferro e energia elétrica para compensar o que perdera com o café.



Texto Anterior: História: SP teve "belle époque" com sotaque caipira
Próximo Texto: Mortes em série: Governo pretende expandir o zoológico paulistano
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.